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“Meu plano de governo será o pior, porque ele é verdadeiro”

Dando continuidade as matérias produzidas com os pré-candidatos à presidência, nesta semana é a vez do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). O Edição do Brasil faz um apanhado do que aconteceu nos 2 dias que o parlamentar esteve na capital mineira e conversou com a imprensa.

Bolsonaro disse que pretende chegar à presidência falando apenas verdades. “O meu plano de governo será o pior, porque ele é verdadeiro. Estamos em uma fase da política de mentir”.

Questionado sobre como pretende governar, ele afirmou que não quer manter o modelo atual e nem conversar com os “caciques” do MDB. “Sendo sincero, eu sei como essas coligações acontecem. Meu ex-partido fez um acordo com o PT por parte das ações da Petrobras com o Paulo Roberto Costa. Agora, temos que fugir disso. Não queremos dar as costas para o parlamento e, hoje, temos 50 deputados que estão discutindo como governar sem o “toma lá, dá cá”, porque é isso que causa a ineficiência do Estado”.

O que rolou
O primeiro dia de Bolsonaro na capital foi marcado por uma agenda corrida: ele se reuniu com o prefeito Alexandre Kalil (PHS) na sede do executivo municipal e depois conversou com a imprensa. Posteriormente, foi para a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) onde também conversou com os jornalistas e concedeu uma palestra para empresários.

Durante a segunda coletiva de imprensa, o parlamentar comentou sobre diversos assuntos, além de explicar sobre o modo como irá conduzir a sua campanha que, segundo ele, será com poucos recursos – aproximadamente R$ 1 milhão.

No que diz respeito à economia, Bolsonaro voltou a afirmar que não entende com profundidade do assunto e, por isso, deixará as decisões técnicas para os especialistas. “A Dilma (PT) entendia de economia. Eu serei presidente e não técnico. Tenho a intenção e a humildade de escalar um time comigo para tomar as decisões mais corretas sobre esse assunto”.

Em relação à forma como vai angariar verbas para a sua campanha, o deputado afirmou que não pretende usar o dinheiro do fundo partidário, pois votou contra o projeto e, no seu entendimento, utilizar esses recursos seria contraditório. “Não é nada de ilegal, porém, para mim, pega mal receber”.

Outro tema defendido pelo candidato foi em relação à abertura das terras demarcadas para os indígenas. Segundo ele, o índio quer ser como nós e não justifica “mantê-los presos” na floresta como acontece atualmente. “Sou acusado de ofender índios, porque falei que se eu chegar lá, não vai ter mais um centímetro para terras indígenas. Hoje temos uma área maior do que a região Sudeste demarcada, quase todas com terras ricas e que podem ser exploradas. O índio quer se integrar a nós. Não podemos deixar a situação ficar como se encontra hoje: vão para dentro da reserva e continuam vivendo à custa do Estado. O Estado não aguenta!”

E Joaquim Barbosa?
Além desses assuntos, a divulgação da decisão do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa de não disputar as eleições deste ano também foi pauta na conversa. Segundo pesquisas, o maior beneficiado pela desistência de Barbosa será Bolsonaro. “Primeiro, ele começou aparecer nas pesquisas há mais de um ano e, no meu entendimento, colocavam o nome para me desidratar. Ademais, quando divulgou a sua decisão, ele citou três assuntos: o perigo do Bolsonaro, o Temer arrumar uma maneira de continuar no poder e o golpe militar. É um posicionamento de quem não entende absolutamente nada de política. Se eu sou tão perigoso assim, que brasileiro é ele que correu?”.

Ironia
Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva para a Rádio Super e dentre os assuntos abordados, o que mais repercutiu foi o seu comentário sobre a divulgação do relatório de Henry Kissinger, então secretário de Estado dos EUA. O documento afirma que os assassinatos de oposicionistas, durante o regime militar, eram de conhecimento e foi autorizado pelo general Ernesto Geisel, presidente entre 1974 e 1979.

Durante a conversa, o parlamentar minimizou o ocorrido afirmando que “quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e, depois, se arrependeu? O que pode ter acontecido com este agente da CIA? Quantas vezes você falou num canto ali que tem que ‘matar mesmo’, ‘tem que bater’, ‘tem que dar canelada’. Ele deve ter ouvido uma conversa como esta, fez um relatório e mandou. Agora, cadê os 104 mortos?”

Além disso, ele questionou o momento no qual o relatório foi divulgado. “Cortaram na carne. Um capitão está para chegar lá. É o momento. Foi o memorando de um agente, que a imprensa não divulgou. É um historiador que diz que leu isso e não mostrou”.