Home > Destaques > “Quando houve o golpe, me senti na obrigação de ir à luta”

“Quando houve o golpe, me senti na obrigação de ir à luta”

Dando continuidade às entrevistas com os pré-candidatos à presidência, nesta semana, o Edição do Brasil conversou com Ciro Gomes (PDT). Entre os concorrentes, ele é o mais experiente na política: 38 anos de vida pública, com mandatos de deputado, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda e ministro da Integração Nacional. Além da sua longa jornada, ele não tem seu nome envolvido em nenhum escândalo de corrupção.

Questionado do que o motivou a se candidatar neste pleito, Gomes afirma que tem vontade de servir ao Brasil como presidente, pois se preparou a vida toda para este momento. “Fui avaliado como melhor governador do país, melhor prefeito de capital e falo isso só para apresentar meu currículo, porque nesse momento em que a população está desacreditada da política, é mais apropriado mostrar com exemplos do que com palavras”.

Ademais, outro fato que o motivou foi o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). “Tinha decidido sair da política e fui trabalhar na iniciativa privada, mas, quando veio o golpe, me senti na obrigação de ir à luta e contribuir para mostrar ao povo que aquilo estava errado. Venho percorrendo o Brasil todo para expor que podemos virar esse jogo, que está infernizando a vida dos brasileiros”.

O candidato acredita que não terá apoio do PT no primeiro turno, mesmo com seu relacionamento próximo ao partido. “Precisamos compreender a situação delicada que vive o PT hoje, olhar com muito respeito, serenidade e dar o tempo que ele precisa. Enquanto isso vou tocando minha estratégia e meu caminho a fim de achar um novo projeto para o país”.

Propostas de governo
Assim como os outros candidatos entrevistados, Gomes também pretende revogar algumas medidas do Governo Temer (MDB). “Precisamos definir um novo pacto federativo com governadores e prefeitos para que o Governo Federal possa assumir responsabilidades maiores, já que Estados e municípios não estão dando conta dos desafios de oferecer educação e saúde de qualidade. Outra medida necessária é a revogação pura e simples da nefasta Proposta de Emenda à Constituição 241, que congelou os gastos com esses setores para os próximos 20 anos. Um dos grandes desafios dessas duas áreas é justamente o aumento do investimento público, portanto, essa medida deverá ser revogada de imediato”.

No quesito emprego, o candidato defende que é necessário um novo projeto nacional de desenvolvimento, no qual possa reconstruir a indústria, apostar na inovação e em pessoas. “As nações que conseguiram êxito civilizatório possuem alguns traços em comum, dentre eles, uso de capital para o desenvolvimento; coordenação estratégica entre governo, iniciativa privada e universidade; e investimento em recursos humanos. Países como Coreia, China, Singapura e Índia estão investindo em uma mudança radical na educação que tem a ver com a presença do aluno na escola por mais tempo, com a ênfase na jornada diária e com a substituição do método da ‘decoreba’ para a capacidade de pensar e inovar”.

Para conseguir implementar os seus projetos de um país melhor, ele acredita que é necessário apresentar, de forma clara e transparente, as ideias à população e discuti-las amplamente para ouvir as críticas e sugestões. “Dessa forma, se for eleito, será junto com as minhas propostas. Além disso, acredito que é preciso negociar no atacado e não no varejo. Ao invés de ficar nomeando pilantras para estatais, temos que chamar governadores e prefeitos, redesenhar o pacto federativo para trazer eficiência nas políticas públicas que imediatamente atingem o povo”, conclui.