Aceitação, determinação e resiliência. Essas são as palavras que regem a vida da paratleta de jiu-jitsu Quenia Victor. Com inúmeras vitórias, a lutadora conquistou recentemente a medalha de prata no Abu Dhabi World Professional Jiu-Jitsu Championship.
Quenia diz que sua adversária foi Jess Munter. “Ela é uma guerreira e a luta foi muito forte, mas o que mais chamou minha atenção foi a recepção que tivemos. Quando entramos para lutar, o evento parou e todos nos aplaudiram. Foi um reconhecimento fantástico”.
Contudo, a paratleta acrescenta que não é fácil participar das competições devido ao alto custo. “Tenho patrocinadores, mas o apoio é pequeno. O ideal seria se o jiu-jitsu virasse uma modalidade olímpica para aumentar a visibilidade. Consegui ir para este mundial em Abu Dhabi por ter sido a primeira no ranking mundial feminino da América do Sul. Ganhei passagem e hospedagem”.
Quando não consegue apoio financeiro, Quenia tenta ir às disputas por conta própria. “No final deste mês vou participar de um campeonato em Gramado. E em setembro, se tudo der certo, irei para o Grand Slan, em Los Angeles. Tento participar do máximo de competições que consigo”.
Aceitação
Aos 2 anos, Quenia sofreu uma amputação traumática no braço direito devido a um acidente. O jiu-jitsu ajudou a paratleta a se aceitar. “Antes de começar a praticar a modalidade me escondia. Quando comecei, há 4 anos, achei que não conseguiria lutar. Era uma vontade antiga, mas eu mesma me limitei. Tinha vergonha”.
Porém ao ter o primeiro contato com a luta, a paratleta viu que tinha habilidade. “Me adaptei muito bem e logo comecei a competir. Hoje, luto até mesmo com pessoas sem deficiência. Sou muito resolvida quanto a minha limitação. Treino duro e disputo de igual para igual. O jiu-jitsu me ensina a pensar, superar obstáculos e medos”.
Legado
E é exatamente essa trajetória que ela pretende construir. “Quero mostrar para os paratletas que nada é impossível. Pretendo divulgar cada vez mais o parajiu-jitsu a fim de atrair novos atletas. Hoje, recebo mensagens de pessoas que se inspiraram em mim para começar a treinar e isso é impagável”.
Ela deixa uma mensagem aos paratletas que estão começando. “Treine bastante, não desista mediante as dificuldades. Com deficiência ou não todos encontrarão obstáculos em seu caminho e ultrapassá-los fará você mais forte dentro e fora dos tatames e, o melhor, você ganhará uma grande família”.