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O árbitro de vídeo e seus desafios

A instalação do árbitro de vídeo está dividindo opiniões no futebol brasileiro. Alguns técnicos, jogadores e torcedores consideram que esse tipo de tecnologia pode mudar a relação com o esporte, outros acreditam que pode acabar com as injustiças cometidas pela arbitragem. Em meio aos diferentes palpites sobre o assunto, a Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol concluiu em outubro o curso de capacitação para o uso da ferramenta, na cidade de Águas de Lindóia (SP). No total, 64 árbitros e assistentes participaram do treinamento, divididos em quatro grupos de 16.

Os participantes foram orientados sobre os gestos e linguagens adequadas durante a utilização do árbitro de vídeo. Os profissionais do apito assistiram vídeos temáticos e tiveram a oportunidade de simular situações reais de jogo onde a tecnologia deverá ser utilizada.

Antes da preparação intensiva de árbitros e árbitros assistentes, a Comissão de Arbitragem da CBF reuniu um grupo de 16 supervisores de árbitros de Vídeo para atualização de protocolo e revisão de instruções. O grupo de supervisores trabalhou intensamente as chamadas “decisões revisáveis”, quando há a possibilidade de pedido de revisão pelo árbitro ou de sugestão pelo Árbitro Assistente de Vídeo (AAV).

Uma das preocupações da CBF é conseguir fazer com que as decisões tomadas por meio das imagens de vídeo sejam rápidas, para evitar que a partida fique paralisada por muito tempo enquanto a arbitragem discute o lance e revê a jogada. Conheça um pouco dos princípios básicos do árbitro de vídeo:
– Somente o árbitro pode iniciar uma revisão.
– O árbitro deverá permanecer visível durante o processo de revisão para garantir a transparência.
– Uma partida não será anulada por motivo de funcionamento incorreto da tecnologia.
– A decisão final sempre será tomada pelo árbitro.
– Os jogadores e a equipe técnica não devem tentar interferir no processo de revisão. Um atleta que tentar interferir na decisão do árbitro, no momento em que estiver havendo a revisão no monitor, receberá o cartão amarelo.

Embora a utilização do árbitro de vídeo nesta reta final do Campeonato Brasileiro tenha sido alvo de algumas críticas, a CBF já tinha previsto em seu regulamento de competições de 2017 que poderia implantar o sistema de árbitro de vídeo durante qualquer das suas competições, independente da fase. Está registrado no artigo 77 do regulamento, ou seja, neste caso há respaldo jurídico. O regulamento, inclusive, prevê que não é necessário fazer o uso da tecnologia em todas as partidas, podendo a CBF utilizar somente em alguns jogos. A própria Comissão de Arbitragem da CBF admite que pode ter o árbitro de vídeo em algumas partidas e outros não, dependendo da infraestrutura. Já a Conmebol decidiu pelo uso do árbitro de vídeo nas fases decisivas da Copa Libertadores (semifinal e final).

Um passo ainda a ser dado é a contratação de uma empresa para a implementação do sistema em todos os jogos, simultaneamente. As conversações já estão em andamento. A expectativa é de que na temporada 2018 o árbitro de vídeo seja utilizado desde o início do Campeonato Brasileiro, trazendo mais justiça ao futebol, minimizando os erros de arbitragem e legitimando os resultados das partidas.

Foto: Reprodução/Youtube

*Desembargador do TJMG e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo