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Mães têm mais dificuldade para conseguir emprego

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação do trimestre julho-agosto-setembro de 2017 era de 12,4% dos brasileiros, ou seja 13 milhões de pessoas desempregadas. Apesar dos números serem altos, um gênero sofre mais com essa realidade: as mulheres. Esse levantamento constatou que 14,9% não possuem emprego.

As que são mães têm ainda mais dificuldade em voltar ao mercado de trabalho. Uma pesquisa, realizada pela empresa MindMiners, revela que quase metade das mulheres já foram rejeitadas em uma seleção de emprego por serem mães ou manifestar desejo de engravidar. 46% relatam já ter enfrentado obstáculo no trabalho por se ausentarem para resolver algum problema relacionado aos filhos. O estudo mostra ainda que 37% das mulheres acreditam que já perderam alguma chance de promoção por causa da maternidade. Entre as principais queixas das profissionais com filhos estão pressão psicológica e preconceito no ambiente de trabalho.

Juliana Fonseca, 37, está desempregada desde março deste ano. Formada em relações públicas, ela conta que tinha muita facilidade em conseguir emprego até que resolveu ser mãe e tudo mudou. “De uns tempos pra cá tenho reparado esse preconceito mais latente. Tenho especialização em vendas e marketing digital pela Fundação Getúlio Vargas e de nada adianta. Quando chega a pergunta se tenho filhos e digo que sou mãe de 2, a coisa complica”.

O mesmo acontece com Caroline Lima, 28. Ela relata que engravidou no último ano da graduação em relações públicas, em 2015. No início do outro ano, iniciou a pós em comunicação digital, e desde abril de 2017 está à procura de uma recolocação no mercado. “Quando falo desse período que dediquei a maternidade, priorizo destacar o freelancer e a pós que fiz com intuito de demonstrar que sou uma boa profissional. Porém, já aconteceu de mostrar meu portfólio e o recrutador grifar a palavra mãe, sem nenhuma cerimônia”.

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A consultora de carreiras da Leaders HR Consultant, Daniela Montandon, destaca que essas questões depende da cultura da empresa. “É importante ressaltar que existem várias profissionais que são extremamente competentes e trabalham bem, com ou sem filhos. Mas algumas empresas, devido a cultura organizacional e a cultura brasileira, preferem, em alguns casos, optar por pessoas que não tem a responsabilidade da maternidade”.

Daniela reitera que, além das dificuldades que as mães têm em encontrar uma nova recolocação no mercado, há também a questão dos salários serem mais baixos do que em relação aos homens.

Essa diferença já ocorre há muitos anos e é puramente cultural, mas existe uma série de situações que fizeram com que o salário feminino se tornasse inferior ao masculino até porque entramos no mercado de trabalho depois. No entanto, atualmente existe um movimento que está mudando o pensamento e as empresas estão equiparando a remuneração”.

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A consultora finaliza afirmando que a composição familiar está mudando para tentar adaptar a essa mulher/mãe que volta, ao mercado de trabalho, após a gravidez. “Há uma reorganização dos papéis sociais. Ou seja, a família está fazendo de tudo para que as mulheres não saiam do mercado. O marido ajuda a tomar conta ou a criança fica em uma creche. A mulher fica separada do filho para ajudar a sustentar a casa”.

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