Home > Destaques > A cada minuto, 54 pessoas são vítimas de crimes virtuais no país

A cada minuto, 54 pessoas são vítimas de crimes virtuais no país

Com a popularização do acesso à internet no Brasil, os delitos cometidos no ambiente virtual também se tornaram mais comuns. Segundo dados da multinacional Symantec, empresa de segurança online, a cada minuto 54 pessoas são vítimas de crimes cibernéticos no país.

O Brasil ocupa a quinta posição no ranking de nações onde há mais transgressões na web. Em 2016, 42,4 milhões de brasileiros foram vítimas de crimes virtuais, número 10% superior se comparado com 2015. Além disso, de acordo com levantamento da Norton, provedora global de soluções de segurança, o prejuízo para o país foi de US$ 10,3 bilhões.

Para compreender melhor essa situação, o Edição do Brasil conversou com o delegado responsável pela Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos, Frederico Abelha.

1 – Quais são os golpes mais comuns na internet?
Os mais recorrentes são os estelionatos, nos quais são praticados todos os tipos de golpes possíveis, desde sites falsos ofertando produtos até e-mails com algum tipo de fraude. Outros crimes corriqueiros são os contra a honra e sequestro de dados, sendo que o primeiro é aquele em que uma pessoa ofende a outra nas redes sociais e o segundo é quando um hacker invade o computador de uma empresa e pede dinheiro para descriptografar os dados.
Além desses, há os de extorsão, em que, muitas vezes, alguém tem uma fotografia ou vídeo íntimo e pede dinheiro para não divulgar o conteúdo. Tem ainda a questão da pedofilia que está muito presente na internet. Com o acesso cada vez maior, esses predadores sexuais acabam atraindo crianças e, em alguns casos, até mesmo trocam fotos íntimas de menores entre eles.

2- Esses crimes estão na categoria de subnotificados?
Não. Na grande maioria, as pessoas procuram a polícia, porque se sentem lesadas financeiramente ou em sua honra. Aliás, a demanda é bastante grande.

3- Existe algum “grupo de risco”, ou seja, pessoas que estão propensas a sofrer com isso?
Existia, mas com a democratização do acesso da internet isso caiu por terra. Obviamente, os mais vulneráveis são os mal informados: quanto menos conhecimento a pessoa tem, mais está suscetível a sofrer golpes. E os jornais têm um grande papel nesse quesito, pois cabe a eles divulgar conteúdos para conscientizar a população.

4- É mais fácil identificar o autor dos crimes virtuais?
Alguns são mais difíceis, devido à transnacionalidade que eles podem ter. Por exemplo, há pessoas que estão na África, Europa e praticam golpes no Brasil. Então, uma vez que descobrimos que o criminoso está em outro país, a prisão dele fica mais complicada, pois depende de uma série de tratados internacionais, além de demandar uma verba grande que, às vezes, a polícia não tem. É importante destacar que essas pessoas são nômades: elas praticam uma série de golpes, depois mudam de país e mascaram os IPs dos computadores.

5- Há alguma lei específica para tratar dos crimes cibernéticos?
Não, todo crime feito na vida real é suscetível de ser praticado na internet também. Então, por exemplo, a pena de um estelionato que é cometido no ambiente virtual é a mesma do que é executado na rua.

6- O jogo “Baleia Azul” que ficou famoso entre os adolescentes é considerada crime cibernético?
Sem dúvida. Criaram um jogo no Leste Europeu no qual lançavam uma série de desafios para que as crianças e adolescentes fossem cumprindo até chegarem ao final, que era o suicídio. Neste caso, os criminosos podem responder por induzir a prática e, até mesmo, pelo próprio homicídio.

7- O que devemos fazer para nos prevenir contra os golpes na internet?
A primeira dica é conversar e fazer transações com pessoas que você realmente sabe quem é e confia. Além disso, não se deve acreditar em propostas mirabolantes. Na hora de enviar dados pessoais, o ideal é contactar quem está pedindo, por exemplo, se for o banco, ligue para seu gerente e veja se existe, realmente, essa demanda. Caso mande fotos pessoais, sejam elas de cunho privado ou não, saber com quem compartilha e não encaminhar para pessoas que acabou de conhecer. No meio online, nem tudo é o que parece. Às vezes, pensa-se que está conversando com um adolescente, mas, na verdade, é um aliciador de menores.


Caso seja vítima de algum crime na internet, Abelha aconselha procurar a delegacia de Crimes Cibernéticos, localizada na Avenida Francisco Sales, 780 – Santa Efigênia.