A crise econômica ainda causa reflexos na vida dos brasileiros. Um exemplo é a quantidade de pessoas que perderam o emprego no auge da recessão, há aproximadamente 2 anos, e ainda não conseguiram outra vaga no mercado de trabalho. De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desocupação ficou em 13,7% no trimestre encerrado em março de 2017. Esse índice é superior à igual período no ano passado, quando o valor foi de 10,9%.
Com o número de desempregados aumentando, a recolocação profissional têm se tornado cada vez mais difícil. Segundo dados de um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), leva-se, em média, 8 meses para que isso ocorra. Porém, os números não conseguem traduzir o que a falta de ocupação pode causar.
Fernanda Paula Teixeira dos Santos, 47, foi uma dessas pessoas que ficaram desempregadas devido à crise financeira. Professora das séries iniciais, ela conta que está 2 anos sem trabalho e, por isso, acumula uma dívida de, aproximadamente, R$ 9 mil. “Na minha área existem poucos empregos e os que ainda restam, querem pagar muito pouco”.
O mesmo acontece com o gerente de marketing, Rodrigo Amaral, 40. Ele possui um currículo vasto, tanto em experiências profissionais – o seu último emprego foi de coordenador da comunicação de uma multinacional da mineração – quanto acadêmicas – graduado em publicidade, duas pós-graduações em Comunicação e um MBA em Marketing.
Amaral conta que já mandou mais de mil currículos e até contratou uma empresa tentando uma nova recolocação profissional. “Fiquei um ano com eles e não conseguiram arranjar nenhuma entrevista sequer”.
Antes de ser demitido, em 2014, ele, por ter uma boa remuneração, conseguiu economizar, fato que o ajudou a não estar endividado. Porém, teve que se desfazer de um carro e uma casa, juntos avaliados em R$ 150 mil, para conseguir se manter neste período. “Acho que, esse ano, as coisas estão começando a entrar no eixo, porque a economia parou de piorar e vários indicadores melhoraram muito. Pelo que tenho visto, os empresários estão, aos poucos, reconquistando a confiança no país”. Atualmente, o gerente está prestando consultorias até conseguir voltar para alguma empresa.
Recolocação
A consultora de carreira Silvana Barros diz que, para voltar ao mercado de trabalho, é importante reativar os contatos de empregos anteriores ou com pessoas com as quais conviveu durante a faculdade ou cursos, criando o que chamamos de networking. “Quanto mais gente souber e puder te indicar, mais chances de recolocação”.
Para além do networking, a consultora ressalta que é fundamental manter uma conta no LikedIn – rede social que possui vagas de emprego -, sites com esse foco e eventos da sua área.
Silvana acredita que um bom currículo deve ter apenas as informações essenciais, como nome completo, idade, estado civil, e-mail profissional, telefone, cidade e as experiências profissionais, sendo que esses dados devem ser atualizados com frequência. As demais questões, por exemplo preferências e perfil, se interessar ao contratante, será perguntado durante o encontro. “Em uma entrevista profissional se analisa tudo, mas de uma maneira geral, observamos mais os desafios que esta pessoa já enfrentou ao longo da carreira e a maneira como se comporta e comunica”.