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Dia Nacional do Combate ao Glaucoma alerta sobre riscos dessa doença silenciosa

Condição pode provocar limitações para tarefas diárias | Foto: Pixabay

Em 26 de maio é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, criado para conscientizar e alertar acerca dessa doença. Com a finalidade de não levar o paciente à cegueira total, são realizadas campanhas para mostrar a necessidade do diagnóstico precoce e de um tratamento adequado.

Uma pesquisa realizada pela Evidências – Kantar Health, que abordou o glaucoma no Brasil e a qualidade de vida de quem tem a doença, comparou dados de 242 pacientes com outros que não possuíam essa condição. E os resultados destacaram que 36% dos portadores apresentaram perda de produtividade no trabalho e 33% limitações para a realização de tarefas diárias.

Além disso, eles também tiveram piora na qualidade de vida, no aspecto físico e mental e necessitaram de maior uso de serviços médicos do que os participantes sem glaucoma. Ainda de acordo com o estudo, essa é a segunda maior causa de cegueira no mundo, perdendo apenas para a catarata.

O oftalmologista Gustavo Muradas explica que a patologia afeta o nervo óptico, estrutura interna do olho que faz parte da retina e leva as informações captadas até o cérebro. “O glaucoma atinge a transmissão desse órgão com o cérebro, levando potencialmente à cegueira se não tratado em tempo hábil”.

Ele acrescenta que as causas são diferentes e dependem do tipo da doença. “O glaucoma uveítico é provocado por patologias inflamatórias. Já o traumático há um aumento da pressão intraocular e o trauma pode ser desde um soco, batida, bem como por ferimentos cortantes ou penetrantes. Tem ainda o de ângulo aberto, que ocorre quando os canais de drenagem dos olhos vão sendo gradualmente obstruídos por partículas minúsculas ao longo de anos, e o fechado, no qual esses ductos ficam bloqueados porque o ângulo entre a íris e a córnea é muito estreito. Alguns também podem ser ocasionados após cirurgia, como de retina e catarata”.

Ainda segundo o oftalmologista, o exame de gonioscopia consegue avaliar a abertura da área de drenagem do olho, o que permite descobrir se o glaucoma é de ângulo aberto ou fechado. “O primeiro evolui sem provocar sinais nas fases iniciais da doença. É o tipo mais comum no país e a sintomatologia só acontece nas etapas tardias quando o paciente começa a ter dificuldade visual. Já no segundo acontece um fechamento, às vezes de forma aguda, onde geralmente há a presença de indícios, como vermelhidão, embaçamento visual e dores fortes que podem fazer com que a pessoa chegue a vomitar. Esse tipo é mais comum em mulheres, pacientes com hipermetropia alta e asiáticos que possuem olhos menores”.

Para Gustavo, o indicado é ter o diagnóstico precoce. “Entre 40 e 50 anos, a taxa de prevalência do glaucoma varia de 2% a 5%, enquanto que acima de 80 anos, esse percentual chega de 8% a 10%. Também é mais comum em pessoas negras e portadores de alta miopia”.

Ele reforça que a doença não tem cura e o principal objetivo é reduzir a pressão intraocular. “Existem colírios que fazem esse tratamento, há também a opção de utilizar laser e diversos tipos de cirurgias intraoculares”.

O aposentado Pedro Simões, que é portador de glaucoma, diz que percebeu a doença em uma fase já tardia. “Eu só pensei em procurar um oftalmologista na hora que comecei a sentir desconforto e embaçamento. Quando a patologia foi descoberta, minha visão já estava comprometida em algumas partes. O médico disse que o tratamento iria frear o avanço, mas que as células já mortas não voltariam e que as não totalmente prejudicadas poderiam ser recuperadas”.

Após realizar um procedimento cirúrgico, Simões segue com o tratamento. “Depois da cirurgia, o líquido do olho passou a fluir melhor e sinto minha visão um pouco mais nítida do que antes, além disso, faço consultas no oftalmologista regularmente”.

Gustavo conclui dizendo que é importante orientar a população que o glaucoma primário de ângulo aberto é assintomático e a melhor maneira de prevenir é conhecer os fatores de risco. “Todos os pacientes acima de 40 anos precisam ir em consultas oftalmológicas para avaliar a pressão ocular e fazer exames de fundo de olho e, se necessário, o médico deve aprofundar na investigação para tentar detectar de forma mais precoce possível”.