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Projeção mostra que obesidade pode atingir 30% dos brasileiros até 2030

Condição pode causar ou agravar outras doenças | Foto: Pixabay

O Atlas Mundial da Obesidade 2022, publicado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation), uma organização voltada para redução, prevenção e tratamento do distúrbio, estima que a doença possa atingir 30% da população adulta brasileira até 2030. Os números também indicam uma expectativa de que a condição possa ser uma realidade para mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo no mesmo período.

Segundo o titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia do Aparelho Digestivo, Leonardo Salles, obesidade é uma relação entre peso e altura. “O índice de Massa Corporal Normal (IMC) é entre 21 e 25, acima de 25 indica sobrepeso, mais de 30 já é classificado obesidade grau 1, superior a 35 grau 2. Se for acima de 40 grau 3, acima de 50 é superobesidade”.

Ele diz ainda que a condição é sindrômica, logo possui múltiplos fatores. “Alguns casos podem ser desencadeados por alterações metabólicas ou genéticas, por perversão da alimentação, compulsão alimentar baseada em problemas psicológicos e também sedentarismo que é muito frequente”.

No Brasil, caso se confirme a projeção, o país irá se tornar a quarta nação com maior número absoluto de pessoas com excesso de peso no mundo, atrás somente dos Estados Unidos, China e Índia. O panorama desenhado é de que 33,2% das mulheres viverão com obesidade, contra 25,8% dos homens. Enquanto nos jovens, 22,7% das crianças entre 5 e 9 anos terão a doença, contra 15,7% dos adolescentes entre 10 e 19 anos.

Leonardo explica que o ideal é não esperar o paciente chegar a casos de obesidade mórbida. “Tem tratamentos que podem ser aplicados em cada nível da doença, desde sobrepeso simples, que podem fazer tratamento clínico com nutrição, psicologia, atividade física, até aos pacientes já com obesidade grau 1 que podem precisar usar o balão intragástrico que é um procedimento endoscópico”.

A nutricionista Fabrícia Junqueira conta que a obesidade pode causar ou agravar outras condições. “Além de sobrecarga de peso óssea e muscular, as consequências incluem também doenças do coração, como hipertensão e AVC, diabetes tipo 2, câncer, entre os mais comuns de intestino e mama, distúrbios respiratórios como apneia do sono, depressão e ansiedade”.

Esse cenário reflete diretamente na situação econômica dos países, tanto em relação aos gastos no tratamento das doenças como na perda de capacidade produtiva causada pelas mortes prematuras relacionadas ao excesso de peso.

Com esses pontos definidos, foi mensurado pela projeção que o Brasil iria mais do que quadruplicar seus custos envolvendo sobrepeso e obesidade. Estima-se que o custo total alcançou US$ 39 bilhões em 2019 e que subiria para US$ 181 bilhões em 2060.

Fabrícia deixa claro a importância de se ter bons hábitos a fim de evitar e tratar da doença. “É fundamental manter uma dieta balanceada, com menor quantidade de alimentos ultraprocessados, dando preferência a alimentos in natura e minimamente industrializados é fundamental. Ter um estilo de vida saudável envolve também a prática de atividades físicas regulares”.

Mario Ricardo, paciente que faz tratamento para a obesidade, diz que o estresse foi a causa para sua condição. “No meu caso, a carga de exaustão que me foi gerada em função do trabalho e da disponibilidade de alimentos que eu tinha na época me fez, sem perceber, ir ganhando peso até chegar em 128kg. A doença me trouxe outras complicações, porque, após alguns exames, descobri que também estava diabético”.

Depois disso, Mario colocou um balão intragástrico e faz acompanhamento que envolve psicólogo, nutricionista, endócrino e psiquiatra, caso seja necessário. “A psicologia foi o que mais me ajudou. Foi nela que eu percebi que estava com uma carga de estresse grande e transferindo para a comida”.