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Maio Roxo conscientiza população sobre doenças inflamatórias intestinais

Dia 19 de maio é celebrado o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal | Foto: Reprodução/Internet

O Maio Roxo é o mês de conscientização das doenças inflamatórias intestinais (DIIs). A campanha tem o objetivo garantir que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida, além de promover mais conhecimento e debate acerca dessas patologias.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), estima-se que, no mundo, mais de 5 milhões de pessoas sofrem das DIIs, enquanto que no Brasil tem sido observado aumento no número de novos casos nos últimos anos. As DIIs compreendem, principalmente, a doença de Crohn e retocolite ulcerativa, ambas patologias inflamatórias crônicas do trato digestório.

Segundo a gastroenterologista, Rafaela Vieira, a doença de Crohn é um quadro inflamatório crônico que pode prejudicar qualquer região do tubo digestivo e a maior parte do acometimento ocorre nos intestinos delgado e grosso. “Ela se apresenta de forma espaçada e atinge camadas mais profundas. Já a retocolite ulcerativa é uma inflamação caracterizada por úlceras, ou seja, feridas no revestimento interno do intestino grosso (cólon) e do reto”.

Rafaela explica que os principais picos de manifestação são em pacientes adolescentes e adultos entre 15 e 35 anos e os acima de 55 anos. “Acredita-se que a pessoa já tenha uma predisposição genética, associada a diversos fatores ambientais, como influências de patógenos intestinais, por exemplo. Ou ainda que quando criança ela tenha sido submetida a quadros infecciosos, uso de antibióticos ou algum tipo de agressão intestinal”.

A especialista diz que são doenças que apresentam dor abdominal, diarreia, presença de sangue nas fezes e podem trazer também manifestações extraintestinais, como dores articulares, problemas de pele, aftoses, entre outras. “Não é fácil fazer um diagnóstico, porque elas podem ser confundidas com patologias intestinais, como tumores do trato gastrointestinal, colites infecciosas e outras enfermidades que podem manifestar-se, por isso requer um especialista da área para fazer essa análise”.

A jornalista e assessora voluntária de comunicação e imprensa da DII Brasil, Ana Guimarães, convive com a doença de Crohn e conta que, algumas vezes, os sintomas são fortes e impossibilitam sair de casa pela necessidade de sempre ter um banheiro de fácil acesso. “Vômitos, diarreia, dores abdominais e fraqueza fazem parte do quadro. Em muitas ocasiões, se locomover, se alimentar na rua, assumir compromissos é complicado, além de conciliar consultas médicas, exames e a própria rotina. Isso pode comprometer nossa vida social, acadêmica e profissional”.

Segundo Ana, ainda há julgamentos alheios de quem não possui conhecimento da doença. “Sei de pessoas que foram questionadas porque iam tanto ao banheiro, um amigo meu foi desligado da empresa, sempre há um relato, comentários ou olhares desagradáveis”.

No mês passado, a influencer digital Lorena Eltz, que também possui a doença de Crohn, usou seu Instagram para descrever a experiência ruim que teve no festival Lollapalooza. “Uso bolsa de ileostomia. No evento, não encontrei nenhum banheiro próximo, muito menos com prioridade para pessoas com deficiência. Eu tive que subir uma ladeira, o que fez o conteúdo da bolsa vazar por dentro da minha calça e no meu tênis. Fiquei coberta de fezes e passando a maior humilhação na frente de todo mundo”.

A influencer também disse não ter voltado para os outros dias do evento. “Fui sabendo que era um festival de música em um lugar gigante, mas não imaginei que não encontraria banheiro, água ou filas com prioridade para pessoas com deficiência. Acabei não conseguindo ir em mais nenhum dia com medo do que poderia acontecer”.

Criada em 2010, a campanha Maio Roxo é liderada por organizações de pacientes que representam mais de 50 países em cinco continentes e coordenada pela European Federation of Crohn’s and Ulcerative Colitis Associations (EFCCA). Em 19 de maio é celebrado o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal.