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Olhar os problemas pela ótica da oportunidade

Foto: Reprodução/Internet

Ao observar como as pessoas reagem ao estresse provocado por um problema, pesquisadores encontraram duas orientações comuns, cada uma com uma perspectiva específica. “Enquanto uma foca os perigos, a outra se concentra na promessa de novas oportunidades”. (Daryl R. Conner).

Orientar times para olharem os problemas pela ótica da oportunidade cria possibilidades onde antes existiam barreiras. A melhor forma para lidarmos com mudanças, conflitos e crises é nos orientarmos por meio da oportunidade.

No final de 2021, fiz uma pergunta a dezenas de líderes: se pudesse fazer um pedido ao mundo organizacional, qual seria? E as principais respostas foram: reduzir o número de reclamações da equipe; ser informado sobre os problemas, porém já com ideias de soluções; e liderar times engajados.

Após algumas conversas, concluímos que as principais respostas se referem a um único problema: a falta de foco na oportunidade. O envolvimento com os problemas gera uma grande dificuldade em encontrar alternativas que nos levem a criar e inovar.

A proposta aqui é explorar o positivo do problema, e, assim, alcançar o comprometimento. Nesse caso, o caminho trilhado é o da busca de comportamentos que geram inovação, que exploram a criatividade, focam o positivo e orientam à oportunidade.

Por que isso acontece?

Se vivemos um problema que nos impacta diretamente, que nos faz perder o controle e a clareza sobre o futuro, tenderemos a desenvolver o que é chamado de orientação P, que significa a orientação ao perigo, que faz disparar uma série de eventos fisiológicos de proteção. Outra pessoa pode viver o mesmo problema e se sentir segura e no controle, neste caso, ela apresentará a orientação O, ou seja, uma orientação voltada para a oportunidade.

Vale ressaltar que o estado de orientação nem sempre é consciente, ou em certas situações, não é consciente por um período determinado e que podemos mudar a nossa orientação. Pessoas orientadas pelo perigo, geralmente, sentem falta de um propósito, de visão clara, se sentem inseguras sobre si e a sua habilidade de gerenciar as incertezas. Por estes motivos têm dificuldade em se reorientar. Tendem a interpretar a vida de forma binária: certo ou errado, sim ou não, devo ou não devo. São profissionais que trabalham com a negação: “Não vejo como isso pode dar certo”. São reativos ao invés de proativos e tendem a se vitimizar. Já as pessoas orientadas pela oportunidade respondem positivamente aos problemas. Apesar de reconhecerem o perigo, identificam a vantagem a ser explorada. Envolve uma série de competências comportamentais, sendo as principais:

Pensamento sistêmico – visão ampla do cenário;

Pensamento exponencial – lidar com vários eventos simultâneos, compreendendo que a vida não é linear;

Resiliência – a capacidade de nos adaptarmos e nos respeitarmos;

Positividade – criar possibilidades, onde os demais não encontram;

Lidar positivamente com os erros – a habilidade de aprender com os próprios erros e superar as dificuldades;

Ser ágil – ter uma ideia, validá-la, ir adiante ou descartá-la;

Criar conexões – a capacidade de ir além da comunicação;

Ser assertivo – ter clareza sobre o que realmente importa e ser capaz de se posicionar, sem impor.

Frente à quebra de expectativas, as pessoas do tipo O se sentem tão desorientadas quanto às pessoas do tipo P, porém não se tornam defensivas. Buscam informações que gerem novas possibilidades, lidam positivamente com a vulnerabilidade, tornam-se conscientes sobre suas emoções, acessam seus talentos e reforçam as parcerias. Como resultado desafiam suas suposições, seus quadros referenciais e criam relacionamentos ainda mais fortes.

Como melhorar?

Segundo Ethan Kross, neurocientista, psicólogo, professor premiado da Universidade de Michigan e da Ross School of Business, “seu humor é definido não pelo que você fez, mas pelo que pensou”. Quer dizer que o seu comportamento é definido não pelo que você faz, mas pelo que pensa. Tornar-se consciente sobre os seus pensamentos contribui com a tomada de decisão e o foco no que realmente importa. Questione-se: Qual pensamento motivou tal ação?

Isso significa que a decisão de olhar para o problema e restringir as opções ou olhar para as oportunidades e ampliar as chances, depende do seu ponto de vista, do lugar, onde o seu pensamento o coloca. A atenção é o que nos permite filtrar as coisas que não importam para podermos nos concentrar nas coisas que importam, e um dos principais culpados por manter o nosso foco no problema é o nosso fluxo verbal negativo.

Para mudar uma “orientação P” (perigo) para uma “orientação O” (oportunidade):

1 – Olhe de frente. Enfrente voluntariamente seus pensamentos, emoções e comportamentos, com curiosidade e gentileza. Valide qual o pensamento que está gerando a insegurança e de que forma ele pode ser substituído para transformar o pensamento binário em exponencial.

2 – Afaste-se. Depois de observar os seus pensamentos e emoções, amplie a sua visão.

3 – Siga em frente. Identificar como melhorar o que fazemos bem e desenvolver o que nos limita é a alternativa que nos coloca em movimento e transforma a zona de conforto em zona de oportunidade.

Anderson Birman, fundador do Grupo Arezzo, dá instruções: respeite a crise, mas foque no negócio; toda crise traz oportunidades. Encontre-as; respeite a demanda, não antecipe as ofertas; adapte-se, adapte-se e adapte-se de novo; permita-se; e enxergue além da crise, pois cedo ou tarde ela passará.

Seja você também um influenciador de oportunidade, pois como já dizia Daryl R. Conner: “O problema deveria ser visto como um desafio a ser resolvido e oportunidades a serem exploradas, ao invés de algo terrível a ser evitado”.

*Regina Campilongo
Professora, design e fa cilitadora de programas de treinamentos comportamentais organizacionais
deborahritaferreira@gmail.com