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Futebol e a violência que orbita o esporte

Foto: Andre Borges

Desde o dia 23 de fevereiro, aconteceram pelo menos cinco grandes casos de violência relacionados ao futebol: briga de torcedores de Botafogo e Flamengo; atentado ao ônibus do Bahia; invasão de campo no final da partida entre Paraná Clube e União-PR; “torcedor” do Juventude cuspindo em jogador do Caxias; e, por fim, outro atentado, dessa vez ao ônibus do Grêmio.

Qual a coincidência entre esses ataques? “Torcedores” atacando jogadores de futebol por causa do futebol? Todos esses casos aconteceram dentro de uma semana e hoje dia 26, foram incríveis 3 casos. No caso do Grêmio, o jogador Villasanti foi internado com suspeita de traumatismo craniano, porque uma das pedras atingiu a cabeça; Bombas que explodiram no ônibus do time do Bahia deixaram feridos por estilhaços alguns membros da equipe e de forma mais grave Danilo Fernandes, que teve um corte abaixo do olho; Na Vila Capanema, ao ver que o Paraná iria perder a partida e ser rebaixado, “torcedores” invadiram o campo e partiram para cima dos jogadores.

Não é preciso ir muito longe para lembrar de casos como esses. Para citar apenas um, em janeiro, “torcedores” do São Paulo invadiram o campo para intimidar jogadores do Sub-20 do Palmeiras durante a semifinal da Copa SP de Futebol Junior. Esses absurdos feitos pelos criminosos sempre levam a debates e tipos de punições, mas não vemos (até esta semana atípica) essas ações acontecerem de fato. É difícil encontrar notícias sobre a prisão desses criminosos e, graças à fraca fiscalização que ocorre, essas pessoas voltam para os estádios e continuam praticando e planejando outros crimes.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que vive uma crise eterna de credibilidade, não faz nenhum tipo de ação para combater este tipo de problema. Simplesmente tirar mandos de campo e pontos dos times não resolve, e pior, ainda afasta o verdadeiro torcedor do estádio (que já tem medo da violência que é associada aos jogos de futebol). Os jogadores, mais do que nunca, sentem a falta de segurança de trabalhar; O que garante que um bando invada o Centro de Treinamento (CT) e os ameace? Será que, por perder um pênalti, essa pessoa merece apanhar? Não dá para falar em profissionalismo e normalizar coisas como as que aconteceram hoje, que em condições normais são classificadas como tentativa de homicídio. Quer provas da normalização da violência? Depois de 2h do ataque ao ônibus do Grêmio, ainda estão discutindo se vai ter jogo. O Bahia, mesmo depois do ataque à bomba, resolveu jogar. É inacreditável.

O futebol não pode mais ser tratado como uma “área especial”, onde tudo pode e no dia seguinte os criminosos estão livres, como se não tivessem feito nada e a violência vira parte do cotidiano. Todos nós, como sociedade, devemos coibir e cobrar uma reforma na forma de punir. Infelizmente, nem aquela frase clichê “vamos esperar uma morte acontecer?” podemos usar, pois até isso já aconteceu. A paixão de alguém por uma instituição NUNCA pode ser justificativa para atos de violência.

Futebol é um esporte, e não um antro de criminosos e fanáticos violentos. Precisamos urgentemente separar um do outro.

*João Pedro Bandeira
Formado em Relações Internacionais
pedro.srb@hotmail.com