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Especialistas alertam sobre os riscos de adiar exames de rotina

Falta de acompanhamento médico pode trazer mais riscos do que permanecer em casa | Foto: Divulgação/Internet

Desde o início da pandemia de COVID-19, há cerca de 2 anos, muitos brasileiros deixaram de realizar exames de rotina e consultas com receio de visitar clínicas ou unidades de saúde. No entanto, os cuidados preventivos são importantes para detectar doenças e não podem esperar. A situação gera preocupação em especialistas que apontam os perigos da falta de acompanhamento médico por tanto tempo.

De acordo com o clínico geral Pedro Lopes, aqueles que estão com medo de se deslocar até o consultório tem a possibilidade de fazer as consultas por meio remoto. “O Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou a chamada telemedicina durante a pandemia. É uma forma mais segura e prática ao paciente. Por meio do uso de aplicativos para videoconferência, os profissionais conseguem fazer uma avaliação da pessoa, fornecer receitas médicas e solicitar exames. Este último requer que o indivíduo saia de casa para realizar a coleta, mas os resultados podem ser enviados de forma digital”, esclarece.

Ele alerta que negligenciar a prevenção deixando de realizar exames de rotina é uma forma de se expor a riscos desnecessários. “A falta deles causa o diagnóstico tardio, o que diminui a chance de cura e o tratamento adequado. Também pode provocar complicações de doenças já existentes, contribuindo para o aparecimento de outras enfermidades até mais graves. É fundamental manter uma periodicidade e deixar de realizá-los somente em casos extremos”.

O clínico geral afirma que os exames são relevantes, principalmente, para os pacientes com doenças crônicas, reumáticas, oncológicas e autoimunes. “No entanto, caso apresente sintomas de gripe e resfriado ou qualquer outro indício parecido com os da COVID-19, aguarde a melhora do quadro de saúde antes de sair de casa. Isso porque com a imunidade comprometida é melhor continuar realizando isolamento”.

Coração saudável

Para a médica cardiologista Viviane Gonçalves, na sua área também houve uma redução na procura por consultas e, consequentemente, exames de diagnóstico precoce e prevenção. Isso prejudica muito a saúde do coração da população. “Conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são as que mais matam no Brasil, com cerca de 360 mil casos anuais”.

Não existe uma idade para se iniciar o check-up cardiológico, segundo Viviane. “De forma geral a partir dos 40 anos, mas nos casos de pacientes com fatores de risco como, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, além de histórico familiar de doença cardiovascular, o recomendado é fazer avaliação o quanto antes. Os exames mais comuns são dosagem de glicemia em jejum, perfil de colesterol, hemograma e função renal, teste ergométrico e ecocardiograma transtorácico”

Visão em dia

Muita gente também tem adiado a consulta anual, conforme afirma o oftalmologista Lucas Pacheco. “Essa é uma decisão séria e pode agravar distúrbios existentes. O que tenho percebido é que muitos pais estão postergando a primeira avaliação oftalmológica dos seus filhos por terem receio em sair de casa com eles. Isso pode atrasar o diagnóstico de alterações visuais que deveriam ser tratadas precocemente para evitar problemas no futuro”.

De acordo com Pacheco, pacientes portadores de glaucoma, ceratocone, doenças na retina, estrabismo ou qualquer alteração súbita da visão, como um embaçamento repentino ou dor ocular, não devem de forma alguma adiar as consultas de rotina.