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Síndrome do Ovário Policístico é mais comum nas mulheres em idade reprodutiva

Origem da doença ainda é um mistério para a medicina | Foto: Divulgação

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é considerada a doença endócrina mais comum nas mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que de 5% a 17% desse grupo seja acometido pelo quadro. O número pode variar ainda mais quando levados em consideração o local do estudo e critérios diagnosticados. A origem da SOP ainda é um mistério para a medicina, por isso, a cura da patologia se mostra algo bem desafiador. No entanto, há tratamento e que deve ser feito, do contrário, pode levar a mulher à infertilidade.

O ginecologista João Oscar explica que a síndrome é endócrino- -metabólica e está associada à falta de ovulação regular. “Além de alterações de ciclo menstrual e os sintomas relacionados a um aumento de hormônios dos androgênios (conhecidos com masculinos), o processo está vinculado a um aumento no risco do paciente desenvolver resistência à insulina, diabetes, alterações do colesterol e triglicérides, as dislipidemias e obesidade. A cronicidade da situação pode levar a maior incidência de problemas cardiovasculares, como arteriosclerose ou infarto, por exemplo. Além do aumento de casos de algumas neoplasias malignas como o câncer de endométrio”.

A SOP pode trazer uma série de sinais e a combinação deles é que vai auxiliar o ginecologista na averiguação. “Os principais são irregularidade menstrual ou mesmo a sua pausa; sinais de androginismo, queda de cabelo, acne e aumento dos pelos e obesidade. Exames laboratoriais para o diagnóstico diferencial com outras doenças metabólicas também são importantes. Por fim, o ultrassom pode ser utilizado para complementar a análise quando é identificado aspecto característico policístico dos ovários”

Tratamento

O endocrinologista Adauto Versiani esclarece que o tratamento da SOP é feito com base em uma mudança de vida da paciente, unido a outros fatores. “É preciso que a pessoa cuide de sua saúde mental e física. A transformação na alimentação e o hábito de praticar atividade física são essenciais. Em alguns casos, entra-se com o anticoncepcional a fim de que ele bloqueie a produção de andrógenos e controle a oleosidade, espinha e queda de cabelo. Em outros, é necessário um anti-hidrogênio, pois apenas o anticoncepcional não é suficiente. Por fim, como algumas pacientes criam uma resistência insulínica, é preciso utilizar a metformina para melhorar a sensibilidade”.

Oscar acrescenta que os mecanismos exatos que levam à disfunção ovariana não são completamente conhecidos e o tratamento baseia-se no suporte e ajuste hormonal para a regularização do ciclo. “Também é importante o apoio e acompanhamento das mulheres com desejo reprodutivo, uma vez que é comum a associação do quadro com dificuldades de engravidar. A infertilidade não é presente em todas as pacientes e, para aquelas que não desejam a gestação, a contracepção é necessária”.

Ele reforça que a diminuição de peso, introdução de atividade física, monitorização dos distúrbios associados ao metabolismo de gorduras e a investigação periódica dos demais sistemas potencialmente atingidos devem ser regularmente realizados. “Também é preciso alinhar o tratamento com o desejo reprodutivo da paciente”.

A vendedora Taíssa Lemes descobriu recentemente que tem a SOP e está, aos poucos, mudando seus hábitos. “Fiquei aliviada quando recebi meu diagnóstico porque tinha vários sintomas que não faziam sentido. Fui muito bem orientada pela minha endocrinologista, fiz uma série de exames e, agora, estamos trabalhando para aliviar cada sinal que meu corpo apresentou. Estou tomando o anticoncepcional, usando a metformina e suplementando algumas coisas. Além disso, comecei a fazer academia e estou tentando reeducar a minha alimentação, com orientação de uma nutricionista. Entendi que a melhora do meu quadro virá por meio de uma série de questões e que elas dependem de mim”, conclui.