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Transporte metropolitano

Diariamente, mais de 1 milhão de passageiros lotam os ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte, assim como acontecem em muitas outras cidades do Brasil. A novidade da capital mineira é que os veículos que circulam por diferentes municípios são controlados por entidades distintas. BH tem suas próprias regras, independentemente do que ocorre em lugares do entorno e isso, em determinado momento, gera controvérsias, especialmente quanto à qualidade do serviço, quase sempre criticado por usuários que não concordam com os elevados preços das passagens, além de carros, muitas vezes, abarrotados, sobretudo no horário de pico.

Enquanto a população se comprime nos coletivos, as decisões sobre a majoração dos preços ocorrem de maneira descontrolada. Em plena segunda-feira passada, 31 de janeiro, as passagens dos veículos circundantes da região metropolitana de BH ficaram 13% mais caras. A decisão sobre o ajuste é da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), a quem compete definir a respeito do processo.

De acordo com a secretaria, “a alta levou em consideração os índices da inflação e o percentual atualizado do óleo diesel, um dos itens que mais pesa na operacionalidade das linhas regulares”. Para além dessa determinação do órgão público, esse acréscimo ocorre em momento delicado para a população, diante da lenta recuperação da economia, que deixa os cidadãos ainda mais vulneráveis.

Outro detalhe diz respeito à falta de debate entre os representantes das empresas e o governo, juntamente com os sindicatos responsáveis, afinal, esse aumento aconteceu sem que houvesse uma discussão, o que acabou ocasionado uma surpresa geral.

Ficou claro que o governo de Minas acatou a demanda das empresas, mas também que não houve contestação. No entanto, quando a discussão é transferida para BH tudo ocorre por escaninhos diferentes. A prefeitura tem sido questionada frequentemente pela Câmara Municipal como deve resolver as questões dos usuários, especialmente, quando se trata do preço da passagem. Certamente, foi em razão de um diálogo mais próximo com as entidades envolvidas que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) está propondo um aporte que depende de um acordo envolvendo o Judiciário e, até mesmo, o Legislativo com a interveniência do Ministério Público. Assim e, para evitar o colapso das empresas concessionárias em BH, o município concederia um valor financeiro mensal para manter o serviço funcionado regularmente. Essa solução diminuiria o preço atual, além de atenuar as despesas das empresas ao concederem à gratuidade a quem tem direito.

O assunto é complexo por envolver milhões de pessoas e, por isso, não pode ser resolvido unilateralmente, ou seja, apenas por uma das partes como aconteceu entre a Seinfra e os representantes das empresas responsáveis pelo transporte da Grande BH. No meio disso, quem mais utiliza o serviço não foi ouvido: o povo.