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Inca prevê mais de 10 mil casos de leucemia até o fim deste ano

Campanha Fevereiro Laranja reforça a importância de se falar sobre a doença | Foto: Divulgação

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), de 2020 a 2022, mais de 10 mil casos de leucemia devem surgir em todo o país. E a campanha Fevereiro Laranja reforça a importância de se falar sobre a doença.

A hematologista Andrea Almeida explica que os sintomas e diagnóstico dependerão do tipo de leucemia. “As agudas têm uma manifestação mais rápida, com alteração dos leucócitos (elevação ou declínio), levando a uma baixa resposta imunológica e queda da hemoglobina. Isso acaba causando anemia, cansaço, desânimo, fadiga, palpitação e/ou diminuição das plaquetas, além do aumento do risco de hematomas cutâneos, sangramento nasal, gengival, entre outros”.

Andrea acrescenta que o diagnóstico ocorre por meio de exames clínicos ou laboratoriais. Para ela, o tratamento envolve uma série de coisas. “A quimioterapia tem o objetivo de reduzir a produção de células doentes para que a medula óssea volte a produzir células normais. E esses esquemas variam de acordo com o tipo de leucemia e idade do paciente. Sabemos que nesses casos a chance de cura com quimioterapias convencionais nos adultos são de 30% a 57%, e nas crianças de 60% a 90%”.

Tainah Moreira: “Quando recebi o diagnóstico, pensei que fosse morrer” | Foto: Arquivo pessoal

A hematologista esclarece que o paciente deve manter um controle contínuo para avaliar o reaparecimento da patologia. Exatamente a fase vivida pela arquiteta Tainah Moreira, 26. Diagnosticada com leucemia em julho de 2020, ela conta como foi o processo de quimioterapia e medicação. “Sentia muito cansaço, sono e uma dor insuportável na garganta. Além disso, meu nariz sangrava constantemente. Quando recebi o diagnóstico, perdi o chão. Achei que morreria a qualquer momento e não poderia aproveitar a minha vida”.

A arquiteta relembra que o caminho até a cura foi severo. “Sinto efeitos do tratamento até hoje, mas quando soube que estava curada e que não precisaria de doadores de medula, pois a minha estava funcionando normalmente, foi uma alegria enorme. Chorei por dias. Ainda tomo medicamentos para controle, sinto fadiga, mas também sei que tudo isso vai passar”.

Diferente de Tainah, alguns pacientes precisam da doação de medula. Por isso, a onco-hematologista Caroline Bernardi diz que o transplante é um recurso terapêutico importante. “Ele é indicado para ser feito em sequência à quimioterapia quando o resultado inicial do tratamento não atinge o objetivo esperado. Fora que é uma saída para quando a leucemia é de alto risco e apresenta diagnósticos marcadores associados a uma pior evolução e maior chance de recaída, ou ainda, em alguns casos de leucemias crônicas”.

Ela acrescenta que, infelizmente, existe uma dificuldade em se encontrar doadores. “Em função das características genéticas do sistema envolvido no transplante, a chance de se achar alguém na família é de 30%. Se esse parente for irmão, essa probabilidade é ainda menor. E, em caso de doadores que não são familiares, chega a 1 a cada 100.000. Por esse motivo, é necessária a existência de Registros de Doadores Voluntários em diferentes países, que totalizam mais de 33 milhões no mundo. Além disso, são fundamentais as campanhas que falam mais sobre essa doença como a Fevereiro Laranja”.

Em Minas Gerais, a Fundação Hemominas atua na orientação junto aos candidatos sobre os procedimentos para a doação e coleta das amostras. “Nós encaminhamos pessoas aptas e que estão cadastradas no Ministério da Saúde a realizarem esses testes de alta especificidade técnica. A partir disso, os hemocentros não têm mais participação ativa, pois não recebem os resultados dos exames para determinação do perfil genético e não têm acesso ao Cadastro Nacional de Doadores de Medula (Redome)”, explica a assessora de Captação e Cadastro de Doadores da Fundação Hemominas, Viviane Guerra.

Viviane ressalta que, constantemente, há um cruzamento de dados entre o resultado de Antígeno Leucocitário e Humano (HLA) do doador cadastrado no Redome e o do paciente, informação que fica armazenada no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). “Em caso de compatibilidade, o doador é convocado para exames complementares e para realizar a doação”.

Ela reforça que o transplante de medula é a única esperança de cura para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue. “Doar é um ato de solidariedade e responsabilidade. Salientamos que, tão importante quanto efetuar o cadastro como candidato à doação, é lembrar-se de mantê-lo atualizado. Isso pode ser feito pelo aplicativo Redome (disponível para Android e IOS), no site redome.inca.gov.br/doador ou pessoalmente na Fundação Hemominas”.