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Mais de 58% dos empresários do comércio mineiro temem nova onda de COVID -19

Caso o cenário se confirme, 64,1% dos entrevistados acreditam ter condições de manter seu negócio funcionando | Foto: Divulgação/Internet

Desde março de 2020, a pandemia de COVID-19 vem causando prejuízos em diversos setores da economia e fazendo muitas empresas perderem faturamento, demitirem funcionários ou até mesmo fecharem as portas. Após um ano e meio do início da crise sanitária no Brasil, com os protocolos de prevenção do contágio do coronavírus e o avanço da vacinação, o cenário de casos e mortes melhorou. No entanto, a variante delta preocupa e tem provocado novos surtos da doença. De acordo com pesquisa elaborada pela Fecomércio MG, o receio que uma nova onda volte a fechar o comércio mineiro é compartilhado por 58,5% dos empresários do estado.

Uma dessas pessoas é Márcia Oliveira, proprietária de uma loja de presentes e artigos de decoração. “O ano de 2020 foi um pesadelo em todos os sentidos para minha empresa. Por não sermos serviço essencial, precisamos fechar as portas. Nesse período, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) me auxiliou e coloquei em suspensão os 9 funcionários por 3 meses. Também precisei recorrer ao empréstimo, visto que o aluguel do ponto comercial continuou sendo cobrado. Consegui um desconto com o proprietário, já que sou inquilina há mais de 12 anos e a situação estava ruim para ambas as partes”, relembra.

Ela conta que a loja precisou se reinventar e passou a vender por delivery até poder abrir novamente. “Com os protocolos de prevenção voltamos a reabrir, mas ainda estamos nos recuperando dos prejuízos até hoje. Se houver um novo surto de COVID-19 e o comércio tiver que fechar, acredito que conseguiremos nos manter, mas apenas por cerca de uns 3 meses”.

Caso o cenário da doença piore por conta da infecção pela cepa indiana e o comércio mineiro tenha que fechar as portas de novo, o levantamento da Fecomércio MG apontou que 64,1% dos entrevistados acreditam ter condições de manter seu negócio funcionando, sendo 34,5% por até 6 meses e 35,5% por mais de um semestre.

Para o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, a cautela dos empresários reflete os desafios enfrentados ao longo da pandemia. “Apesar da retomada das atividades econômicas, muitos negócios ainda estão lutando para recuperar os danos causados pela crise sanitária, e uma possível nova onda reforça essa preocupação”, avalia.

Prejuízos do fechamento

O estudo da Fecomércio MG mostrou que 45,5% dos entrevistados precisaram manter seus estabelecimentos fechados em algum momento devido às restrições ocasionadas pela COVID-19. Dentre esse grupo, 81,8% ainda sofrem com os impactos da crise sanitária, com destaque para fatores como a queda na receita (93,9%), o acúmulo de estoque (33,1%) e a perda de funcionários (24,3%).

Dos que tiveram ou estão tendo perdas em decorrência dos estabelecimentos fechados, 37,2% apresentaram problemas de liquidez e falta de recursos em seus caixas, sendo que 43,6% precisaram solicitar empréstimos ou crédito junto a instituições financeiras (27,3% obtiveram sucesso na solicitação e 16,4% não obtiveram).

Ainda de acordo com a pesquisa, apesar desse cenário, a maioria dos empresários (67,6%) não precisou demitir seus funcionários. Porém, 41,3% dos entrevistados adotaram alguma medida do BEm, como a redução proporcional de carga horária e salário dos empregados (66,5%), a antecipação das férias (52,4%) e a suspensão do contrato de trabalho (38,4%).

Almeida esclarece que o avanço na vacinação pode contribuir para a recuperação da economia. “Desde que acompanhada pela melhora dos indicadores macroeconômicos, a imunização contra a COVID-19 e a manutenção dos protocolos sanitários podem colaborar para um cenário mais promissor no segundo semestre, marcado por datas comemorativas relevantes para o comércio varejista”.

Fluxo de clientes

Mesmo com o comércio funcionando, o fluxo de clientes não voltou aos níveis pré-pandemia, conforme respondeu 51,8% dos entrevistados. Além disso, 61,8% entendem que o fluxo também não retornou ao esperado. Para tentar conter os gastos da empresa neste momento de pandemia, muitos dos entrevistados estão diminuindo pedidos de estoque (43,7%), negociando contratos (17,1%) e fazendo cortes no quadro de funcionários (3,3%). O levantamento revelou ainda que a maioria dos entrevistados (53,0%) está com dificuldade em abastecer seu estoque devido à falta de matéria- -prima/insumos de fornecedores.