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J.D. Vital ocupará cadeira na Academia Mineira de Letras

Com 35 votos, Vital ocupará a cadeira de número 10, fundada por Brant Horta | Foto: Arquivo pessoal

O jornalista e escritor J. D. Vital foi eleito para a Academia Mineira de Letras. Ele recebeu 35 votos e ocupará a cadeira de número10, posto
anteriormente ocupado pelo jornalista João Etienne Filho e pelo acadêmico Fábio Proença Doyle, que faleceu em abril deste ano. O fundador foi Brant Horta e o patrono é Claudio Manoel da Costa.

Vital tem uma longa trajetória dentro da comunicação. Atualmente, atua como gerente de Comunicação e chefe do escritório da Companhia
Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Ele é autor dos livros-reportagem “Como se faz um bispo, segundo o alto e o baixo clero” (Civilização Brasileira, 2012) e “A revoada dos anjos de Minas” (Autêntica, 2016), entre outros. Ao Edição do Brasil, ele fala sobre a
carreira que o levou à eleição.

Como você recebeu a notícia da eleição para a Academia Mineira de Letras?

Com grande alegria e um temor reverencial, como diria o presidente e acadêmico Tancredo Neves, ao qualificar o respeito dos mineiros diante da autoridade.

Medo de não estar à altura das personalidades que me precederam na Casa. Receio semelhante tomou conta de Otto Lara Resende, de São
João del Rei, ao chegar à Academia Brasileira de Letras, embora fosse catedrático do jornalismo e da literatura. “Não sei como me sinto, ou
como devo me sentir” – disse. Se ele, uma unanimidade nacional, sentiu-se atemorizado, imagine eu. Ainda mais que tive como antecessores duas estrelas do jornalismo mineiro, João Etienne Filho e Fábio Proença Doyle.

Como você observa a importância da Academia nos tempos atuais?

Ela sempre foi um centro criador e irradiador de cultura. Com a participação de intelectuais, escritores, políticos, juristas, artistas plásticos
e jornalistas. O reconhecimento da importância da Academia pode ser visto na edição do jornal “Diário de Barão” que deu manchete com minha eleição. Veja só, quem sempre esteve na coxia da reportagem ganhou a primeira página, com direito a foto.

O presidente da Academia, Rogério Faria Tavares, comentou a matéria veiculada pelo matutino cocaiense: “Tal entrevista demonstra, uma vez mais, a meu juízo, como a Casa de Alphonsus e de Vivaldi é respeitada e querida nos quatro cantos do nosso estado. Disso já havia me falado a acadêmica Maria Esther Maciel, quando notou a grande repercussão de sua eleição em sua cidade natal, Patos de Minas”.

Por que decidiu seguir a carreira de jornalista?

“In illo tempore”, o caminho natural para o ex-seminarista era a sala de aula, como professor, ou a redação de jornal.

Naquele tempo, o egresso do seminário, além do latim, sabia português. Pelo menos foi o que ouvi do chefe de redação Maurílio Brandão, quando subi, com tremor nas pernas, as escadas apertadas do Diário de Minas, na Praça Raul Soares. Lá fui aprender jornalismo com
Alcindo Ribeiro, ex-aluno dos padres salesianos. Na redação do Estado de Minas, brilhava outro ex-seminarista, o Carlos Felipe, nosso mestre em cultura popular. Depois, consegui ser aprovado, sem saber matemática, física e química, no vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para o curso de Comunicação Social. Eu estava lá, em 1970, na primeira vez em que o vestibular único era realizado no Mineirão, 25 mil alunos, prova de múltipla escolha, gabaritos, um horror.

Passei ajudado pelas novenas de minha mãe, dona Lulu, hoje nome de biblioteca na minha terra. Trabalhei nas sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo, nas rádios Antena Um e Alvorada e na TV Manchete.

Como é seu processo de escrita? O que inspira você?

Ainda no seminário menor, li “Informação ao Crucificado”, de autoria de Carlos Heitor Cony. Tive a oportunidade de dizer a ele o quanto sua obra me influenciara. Foi durante um jantar na casa da Ângela Gutierrez. Estava angustiado com as dificuldades para escrever “Como se faz um bispo, segundo o alto e baixo clero”, publicado pela Civilização Brasileira. “Você domina tanto esse tema que parece que dormiu sobre ele” – disse, acrescentando que era um mistério como a igreja selecionava os candidatos à mitra episcopal.