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Mais da metade do faturamento de 30% dos MEIs vem das vendas on-line

O comércio eletrônico já era uma realidade para grande parte das empresas brasileiras, mas se tornou ainda mais presente por conta da pandemia do coronavírus. Diante da impossibilidade de abertura das lojas físicas, principalmente os pequenos negócios precisaram ceder às ferramentas digitais, fazendo com que as vendas pela internet aumentassem durante a crise sanitária. De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), mais da metade do faturamento de 30% dos microempreendedores individuais (MEIs), que atuam nesse mercado, provém dessa fonte. Entre os donos de micro e pequenas empresas esse percentual cai para 22%.

Por conta das medidas restritivas para conter o avanço da COVID-19, um dos caminhos para driblar a crise foi começar a vender pela internet. “A necessidade de inovar e descobrir novas alternativas para manter a renda permitiu que muitos empreendedores passassem a ter a principal parte de seu faturamento nas vendas on-line. O curioso é que o público que mais tem se beneficiado é justamente o dos microempreendedores individuais”, enfatiza Carlos Melles, presidente do Sebrae.

Entre as 21 atividades analisadas, em 14, a importância do comércio eletrônico no faturamento foi maior para os MEIs. Mais da metade dos microempreendedores individuais do turismo alegaram ter mais de 50% das vendas oriundas da internet, seguidos pelos da economia criativa (46%), indústria alimentícia (45%) e artesanato (43%).

Em pesquisa anterior, o Sebrae já havia detectado que a plataforma WhatsApp é a preferida pelos empreendedores que se inseriram no mundo virtual, com 84% de adeptos. Cerca de 90% das empresas que exercem atividades como artesanato, beleza e moda, e que digitalizaram sua comercialização, usam esse recurso para vender seus produtos e serviços. Instagram e Facebook são as próximas opções, com 54% e 51%, respectivamente e apenas 23% dos negócios vendem por sites próprios.

Presença digital

Liliane Cerqueira tem um comércio de bijuterias e peças para montagem de artesanato em geral. Ela relata que o movimento na loja física caiu bastante, mas as vendas pela internet têm compensado essa baixa. “Nós já tínhamos nossas redes sociais como forma de mostrar os materiais. Só que não era possível adquirir nada on-line. No começo da pandemia tivemos que fechar e para não perder ainda mais faturamento, fomos forçados a migrar para o e-commerce”.

A ideia deu muito certo. “Tem dado retorno financeiro, inclusive, mantido o funcionamento da nossa loja física. Muita gente ainda não quer sair de casa com medo da COVID ou simplesmente porque a compra pela internet tem mais comodidade. É possível ver as fotos dos produtos, escolher o que mais te agrada, pagar de forma virtual e receber em casa. Cerca de 55% do nosso lucro vem dessa modalidade”, explica.

O empresário Rodrigo Oliveira montou uma pequena lanchonete na garagem de sua casa, especializada em batatas recheadas. Atualmente, vive uma realidade completamente diferente em relação ao fim de 2019. “As compras on-line cresceram muito nos últimos meses. Eu estava acostumado a vender por volta de 30 a 40 unidades todo dia no espaço físico. Agora, com o e-commerce, tem dias que a quantidade chega a 100. Tivemos que contratar mais uma pessoa para ajudar na cozinha e mais dois motoboys para fazer entregas de forma mais rápida”.

Ele diz que utiliza as redes sociais para anunciar o cardápio e colocar fotos dos pratos. “Conseguimos um sistema direto do WhatsApp para o cliente poder ver os produtos, preços e comprar direto pelo aplicativo. Pode ainda acompanhar o status e saber se já saiu para entrega. Nosso faturamento aumentou e pelo menos 60% dele vem das vendas on-line”.

Como vender pela internet

Para o especialista em marketing digital Felipe Carvalho, muitos microempresários já vendiam seus produtos pela internet, enquanto outros vieram conhecer mais sobre as vantagens do mundo virtual por conta da pandemia. “O fato é que o hábito de comprar on-line vai permanecer mesmo depois que a COVID passar. E os pequenos negócios devem estar preparados para atuar nesse ambiente digital”.

A primeira dica do especialista é fazer um planejamento. “Precisa conhecer seus clientes, quem são seus concorrentes e qual plataforma será utilizada para venda. Existem diversos sistemas disponíveis que podem auxiliar nesse começo. O ideal é pesquisar o que cada um oferece e quais os seus benefícios. As redes sociais são uma boa opção. Outro passo importante é ter um estoque sempre disponível e controlar a quantidade de produtos adequadamente”.

Também é preciso pensar nas entregas. “Definir as regiões que a loja é capaz de atender, assim como as taxas para cada localidade. Isso deve estar bem claro para o cliente. O produto deve ser bem embalado para não sofrer danos durante o trajeto. No caso de estabelecimentos do ramo alimentício, os cuidados são ainda maiores. Normalmente, os pratos são enviados por meio do serviço de motoboys. É necessário escolher bem esses profissionais. Tudo isso influencia nos custos”, alerta.

A forma de receber os pagamentos é outra coisa que deve ser analisada. “Decidir se aceita cartões, transferência, somente dinheiro ou PIX. Algumas plataformas já fazem isso de forma automática, mas cobram taxas e até mesmo mensalidades. Para quem está começando, o ideal é utilizar os meios gratuitos para recebimento”.

Por último, o especialista recomenda ter um bom relacionamento com os clientes e acompanhar a sua satisfação. “Mande algum recado ou até mesmo um mimo junto com o pedido. Peça ao consumidor que avalie a empresa e o produto. Isso serve para que o proprietário saiba o que está dando certo e o que precisa ser melhorado. É uma maneira de garantir a qualidade das vendas pela internet”, finaliza.