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Quase 40% dos homens tiveram algum tipo de disfunção erétil nos últimos 2 anos

Prazer, diminuição de estresse, qualidade no sono, queima de calorias, rejuvenescimento e uma maior qualidade de vida são alguns dos benefícios das relações sexuais. Nem sempre, porém, essa parte da vida vai bem. Pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido da startup Omens, com 1.813 brasileiros de 18 a 70 anos, mostrou que 38% dos participantes tiveram algum tipo de disfunção erétil nos últimos 2 anos.

No passado, o problema era chamado de impotência sexual. Devido à conotação pejorativa, o termo foi substituído por disfunção erétil, que significa incapacidade de manter uma ereção suficiente para penetração ou de mantê-la de forma satisfatória, de acordo com o urologista Rodrigo Andrade.

Segundo o especialista, as causas da disfunção erétil podem ser psicogênica, orgânica ou mista, quando envolve um pouco das duas. “No grupo da parte física, tabagismo, diabetes, hipertensão, dislipidemia ou outras doenças crônicas, como insuficiência renal ou hepática, que causam uma deterioração em que a função sistêmica não está saudável, são os principais fatores”, diz.

É o caso do ex-apresentador e atual senador Jorge Kajuru, que falou publicamente sobre seu quadro clínico em 2012. “Eu era totalmente brocha por causa da diabetes. Depois ainda tive uma bactéria na próstata. Precisei operar e fiquei estéril. Com o tempo, e com medicação, meu esperma voltou ao normal. Mas eu ainda era impotente! Não adiantava viagra. Com cialis eu ainda ficava meio ereto, mas eram 10 minutos”, declarou a uma revista na época.

De acordo com Andrade, o paciente com 60 anos ou mais é o exemplo mais clássico. “Normalmente, diabético e hipertenso de longa data, tabagista e sedentário. Não só a parte de ereção não funciona bem, como ele tem risco aumentado de doenças coronarianas e eventos isquêmicos. Nesse caso, o alerta não é só na vida sexual, mas também quadro clínico grave”.

Porém, não existe uma faixa etária predominante porque a origem do problema também pode ser psicológica. “Quadros de ansiedade, principalmente, de desempenho, altos níveis de estresse na vida em geral, medos relacionados ao fracasso sexual, temor de outras pessoas saberem ou humilhação da parceira (o), possuir expectativas altas em relação à pessoa, perda do desejo motivados pela depressão, conflitos emocionais e amorosos, baixa autoestima, episódios anteriores de abuso sexual, receio de ejacular muito rápido, entre outros”, cita a sexóloga Sônia Eustáquia sobre os motivos mais comuns.

Esses reflexos podem ser percebidos nas respostas da pesquisa. Segundo os resultados, sete em cada 10 homens (72%) deixaram de fazer sexo por algum problema e das causas mais citadas, quatro dividiram o primeiro lugar: cansaço físico (44%), estresse em geral (40%), preocupação com emprego ou finanças (39%) e preocupação emocional (38%). Entre aqueles com disfunção erétil, todos os índices são mais altos: 84% não transaram devido a problemas, sendo, 54% por exaustão, 52% por estresse, 49% por ansiedade com emprego e 50% por questões emocionais.

Tratamento

Para ambas as causas, a notícia é boa: existem soluções. Na hora do diagnóstico, não são pedidos exames, o que acontece é uma conversa franca entre paciente e urologista. Andrade informa que os tratamentos consistem em medicamentos orais que garantem uma ereção rígida e existem várias opções no mercado que variam, inclusive, em tempo de duração. Porém, todas possuem algum efeito colateral e, por isso, é essencial o acompanhamento médico.

“Na consulta, conversamos bastante e escolhemos uma medicação. É preciso fazer um teste mais longo, não adianta tomar uma única vez e desistir se não der certo. Encontramos uma opção adequada e, caso a doença piore ao longo do tempo, passamos para tratamentos injetáveis com drogas manipuladas ou prontas. Se esse também não for o adequado, consideramos uma cirurgia de colocação de prótese peniana, que existem dois tipos: a semirrígida e a inflável de três volumes”, explica o urologista.

Se as razões forem psicogênicas, o tratamento é multidisciplinar. “Em tensão, vários neurotransmissores entram em ação e é nesse momento, que há uma grande descarga de adrenalina, produzindo a fuga venosa, o que impossibilita um pênis ereto. No caso do homem, muitas vezes, a pressão vem de dentro dele, do que idealiza e espera de sua performance sexual. No tratamento, utilizamos questionários e entrevistas próprias da sexologia e, de acordo com os resultados, sugerimos um programa psicoterapêutico ideal. A neuropsicologia aplicada, a psicanálise e a terapia oferecem maneiras de processar essas intervenções terapêuticas com eficiência e efetividade”, esclarece Sônia.

Andrade afirma que existem remédios naturais para a disfunção, mas não os popularmente disseminados. “Existem e são os mais importantes e úteis, mas não é catuaba, amendoim, nem nada disso. Na verdade, é um estilo de vida saudável. Praticar exercícios, ter uma boa alimentação, não fumar, não beber, manter um peso adequado e prevenir o colesterol alto e a diabetes. Isso garante uma vida sexual satisfatória até a terceira idade ou mais”.

Não se feche

O tabu e a forma pejorativa que a sociedade lida com a disfunção erétil, faz que muitos homens se fechem e sofram com o problema sozinhos. Esse comportamento, entretanto, os prejudica e também seus relacionamentos. “Q u a n to m a i s isso for de conhecimento público e os homens estiverem informados, mais fácil será para que tenham uma vida sexual plena. O primeiro passo para melhorar e sair dessa situação é entender o que levou a chegar neste quadro. Quando o problema é psicológico, muitas vezes, só de sair esclarecido e tranquilizado da consulta, já é o início de uma melhora”, finaliza o urologista.