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Empresários mineiros expandem negócios mesmo com a pandemia

Dados da Receita Federal, organizados pelo Sebrae Minas, mostram que 156 mil negócios fecharam as portas em Minas Gerais de 2020 a junho de 2021. Por outro lado, no mesmo período, foram abertas 482 mil novas atividades. E quem tem se destacado na retomada de fôlego é o varejo. Segundo o Sebrae, o comércio varejista é o segundo setor com o maior número de pequenos empreendimentos no estado. Mesmo com as restrições de funcionamento em muitas cidades devido à pandemia, 34,6 mil pequenas empresas deste segmento foram abertas de janeiro a maio deste ano, de acordo com a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg).

Recentemente, Minas foi eleito o segundo melhor lugar do país para empreender, de acordo com pesquisa Doing Business do Banco Mundial. Para Euler Fuad, CEO do Grupo Super Nosso, rede mineira de supermercados que possui 56 lojas em Belo Horizonte e região metropolitana, a posição no ranking é inspiradora. “Não é por menos que escolhi abrir as unidades do Grupo aqui. O Governo incentiva os empreendedores a crescer, com ações e iniciativas de desenvolvimento. Além do mais, Minas se favorece em posição geográfica sendo local de passagem para as demais regiões do país. A parte negativa são as cargas tributárias altas comparadas a outros estados”, diz.

Felipe Melo, gerente de inteligência empresarial do Sebrae Minas, entidade que colaborou com o estudo, concorda com a crítica aos altos tributos. “Progressivamente, o ambiente para investir tem se tornado mais amigável. Os recentes avanços na legislação com foco em desburocratizar a operação das empresas, a atuação das cooperativas de crédito como agentes financeiros locais, a evolução da tecnologia que permite o desenvolvimento de novos modelos de empresa, sem dúvida, têm contribuído para a melhoria no ambiente de negócios em Minas. No entanto, ainda precisamos evoluir em diversos aspectos como o tempo necessário para o registro de propriedades em que estamos na 12ª posição entre as 27 capitais e também na questão do pagamento de impostos em que ocupamos o 17ª lugar. Em relação aos custos para abrir uma empresa, Minas está na antepenúltima colocação, atrás apenas de Roraima e Mato Grosso”, ressalta Melo.

Hábitos mudam, vendas continuam
Apesar de a pandemia ser um marco triste para a humanidade, 2020 foi um ano positivo para o Supernosso. Os supermercados foram considerados atividades essenciais desde o início da crise sanitária e, de lá para cá, as vendas do Grupo cresceram em torno de 10%, mesmo reduzindo o marketing.

Em 2021, a rede, que começou com um armazém no bairro Santa Tereza, prevê um faturamento de R$ 3,4 bilhões, 17% superior ao ano passado. E a expansão está acelerada, a empresa recebeu aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para converter 17 unidades da rede francesa Carrefour Bairro para sua marca. “Essa parceria foi firmada em 2019 e temos percebidos bons resultados. A primeira loja foi inaugurada em fevereiro deste ano e esperamos ter as outras 16 transformadas para nossa bandeira até o meio do segundo semestre em mercados espalhados pela capital e região metropolitana”, explica Fuad.

A empresária Vivian Deus vendeu 21 unidades da sua franquia na pandemia.

CEO do Grupo Joaninha, marca mineira de brechó infantil que existe há uma década, a empresária Vivian Deus também celebra a expansão da empresa. Das 24 franquias, 21 foram vendidas durante a crise sanitária. “É preciso conhecer muito do negócio e, principalmente, do seu público. É necessário superar expectativas e trazer encantamento ao cliente. Na pandemia, expandimos porque aprendemos, mesmo na crise, a nos reinventarmos e também por ser um nicho de primeira necessidade, já que crianças não param de nascer e crescer”, avalia.

Vivian explica que sua principal estratégia é acompanhar o mercado e aderir às mudanças. “Mesmo tendo espaço físico, meu negócio está totalmente inserido na internet e se fortaleceu com o fechamento das lojas. Hoje, trabalhamos com e-commerce de forma personalizada por meio do Instagram e WhatsApp. Essa personalização nos permitiu aumentar muito nosso ticket médio. Atualmente, em toda a rede, as vendas no digital significam 30% do faturamento bruto”, diz.

Apesar de já ter seu próprio delivery antes da pandemia, as vendas on-line do Supernosso dispararam neste ano. “Nós investimos em diferentes canais há um tempo. Nosso e-commerce já tem 8 anos, mas, com a COVID-19, tivemos que acelerar processos e modernizar o sistema. Hoje, o Grupo está com uma média mensal de 200% a mais de faturamento nas vendas virtuais em relação a 2020. Isso porque investimos fortemente nas plataformas, ampliamos o serviço do ‘Clique e Retire’ e também fechamos uma parceria com uma startup que leva nossos produtos para dentro de condomínios nos minimercados da honestidade, sem catraca ou câmeras”, afirma Fuad.

Sobre o varejo pós-pandemia, Melo acredita em um modelo híbrido. “A digitalização do comércio sempre foi uma tendência mesmo antes da COVID-19, mas que foi acelerada de forma abrupta especialmente pelas medidas de isolamento social. Alguns empreendedores se adaptaram mais rapidamente ou foram mais favorecidos, mas o varejo on-line surge como uma opção importante e irreversível. Porém, não será a única, a prova disso é que, mesmo com toda a velocidade da internet, muitas pessoas passaram a redescobrir o comércio de bairro fazendo suas compras presencialmente e estreitando o relacionamento com os empresários. O que se pode esperar é um modelo híbrido, em que o on-line e o físico deverão coexistir de forma harmônica e eficiente”, acredita.