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67% dos brasileiros esperam ações rápidas do Presidente para combater mudanças climáticas

Quase sete em cada 10 brasileiros (67%) acreditam que, se o governo não agir agora para combater as mudanças climáticas, estará decepcionando a população. O dado faz parte do levantamento Earth Day 2021, realizado pela Ipsos com entrevistados de 30 nações. Considerando o mundo todo, 65% demonstra expectativa quanto aos seus governos e as suas medidas em relação às questões ambientais.

Apesar da ampla cobrança por iniciativas, no Brasil, 45% das pessoas acreditam que o governo não tem um plano claro de como vai trabalhar, em conjunto com as empresas e a própria população, para enfrentar as mudanças climáticas. Por outro lado, 26% confiam que o governo possui, sim, ações planejadas para lidar com a questão. Globalmente, a média de respondentes que não deposita confiança no plano de ação de seu governo é de 34%, contra 31% que creem haver um plano claro traçado por partes dos seus governantes nesta questão.

Para o geólogo, pesquisador e consultor ambiental, Augusto Auler, o país vive um momento sem precedentes em relação ao combate à degradação ambiental. “Atualmente, o Brasil está totalmente isolado. Nós somos um pária em relação à comunidade internacional. Temos um histórico fantástico de redução ao desmatamento, mas a partir do atual governo, cujo foco é a não proteção ambiental, houve um aumento acelerado como há muito tempo não se via. Em relação à fiscalização, é de conhecimento que houve corte orçamentário gigantesco dos órgãos responsáveis, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). E não só, entidades de pesquisa que monitoram a Amazônia via satélite também sofreram cortes nas verbas”, explica.

Como esclarece Auler, as consequências do negacionismo ambiental ultrapassam o meio ambiente. “Isso acarreta alguns problemas, principalmente em relação à economia e acordos comerciais. Os países REDD++ (ver box) não querem comprar, seja produtos agrícolas, carnes, manufaturados ou matérias-primas, de lugares que não seguem as diretrizes ecologicamente corretas. Pelo fato do Brasil não possuir uma política ambiental correta e alinhada internacionalmente às mudanças climáticas, temos uma série de acordos suspensos. Várias nações possuem fundos soberanos, como Noruega e Alemanha, voltados principalmente para Organizações não Governamentais (ONGs) de enfrentamento às questões ambientais. Essas doações foram suspensas. Outra questão importante é a própria reputação. O Brasil é visto, devido ao atual governo, como um lugar que retrocedeu muito em relação ao cuidado do meio ambiente. Não existe nada de positivo nisso. É fundamental que o país mantenha uma imagem perante o mundo de que se preocupa com a natureza, que é uma questão que afeta a todos”, afirma.

Novas gerações

Ainda de acordo com o estudo, apesar de responsabilizar a esfera governamental, a população do Brasil também cobra ações do setor privado. Três em cada quatro pessoas (75%) afirmam que se as empresas locais não agirem agora para combater as mudanças climáticas, elas estão falhando com seus clientes e funcionários. No mundo, são 68%.

Além disso, 77% dos entrevistados brasileiros concordam que terão falhado com as gerações futuras se, enquanto indivíduos, não agirem para combater as mudanças climáticas neste momento.

Para Auler, é coerente que esta conta também seja cobrada das empresas. “A indústria é uma grande emissora de CO², portanto, corresponsáveis em relação ao aquecimento global. Até porque, tudo começou com a Revolução Industrial. Essa é uma tendência ligada às novas gerações. Os mais jovens já perceberam a importância de viver uma vida mais sustentável em um planeta equilibrado. Essas pessoas estão dispostas a mudar os próprios hábitos de consumo e até pagar mais caro em produtos e serviços ecologicamente corretos. Isso tem sido chamado de capitalismo sustentável, quando o objetivo da empresa é gerar lucros, mas também se comprometer com a sustentabilidade”, conclui.