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Por medo de assédio, mulheres substituem transporte público por aplicativos e táxis

Pegar um ônibus para se locomover pela cidade é algo que milhões de pessoas têm em comum no mundo todo. Entretanto, o que é uma atividade considerada simples e banal para alguns, pode desencadear medo e insegurança em outros. Uma pesquisa da empresa de transporte por aplicativo 99 revelou que 64% das mulheres afirmam ter sofrido assédio no cotidiano – uma média de três vezes na vida para cada uma delas. Com 76% e 25% das respostas, os ônibus públicos e os metrôs foram apontados como os meios de transporte em que as mulheres mais temem serem assediadas.

Feito com 1.056 usuárias de aplicativos de transporte, o levantamento apontou que em relação a assédio, no geral, lugares públicos (47%) e transportes (40%) são os mais temidos pelo sexo feminino. Sobre os meios de locomoção públicos, as entrevistadas responderam que algumas situações geram ainda mais receio como locomoção à noite (75%), passar por regiões violentas (66%), ambientes lotados (61%), locais desconhecidos (60%) e esperar ônibus no ponto (51%).

Ainda segundo a pesquisa, corridas por aplicativos e táxis foram consideradas as mais seguras, com 16% e 6% dos registros respectivamente. Nesta modalidade, as usuárias elegeram os comportamentos de motoristas que mais as importunam. Olhares insistentes (39%), perguntas sobre vida pessoal (34%), relacionamentos (26%), assobios (15%) e comentários sobre a aparência delas (14%) foram eleitas as condutas que mais incomodam. Das mulheres que foram alvo de assédio em corridas, 82% relatou a situação à empresa, mas somente 17% procuraram a polícia e 5,9% não tiveram coragem de denunciar.

“A minha preferência é sempre pelos aplicativos de transporte. Mesmo que, às vezes, fique tensa dependendo da hora ou do motorista, ainda é mais seguro porque tenho como acompanhar o caminho que deve ser feito e também posso enviar minha localização para alguém”, afirma a estudante de psicologia Bruna Couto, 23.

Bruna demonstra, no entanto, indignação pelas mulheres que nem sempre podem optar pelos carros privados. “É claro que isso é um imenso privilégio meu. O ideal e o que eu queria também é não sentir medo em lugar nenhum, principalmente, ao usar um ônibus, que com certeza, é a forma mais acessível de ir aos lugares. Quando paro para pensar, me questiono por que as empresas de transporte público também não estão usando a tecnologia para proporcionar mais segurança às mulheres?”.

De acordo com Pamela Vaiano, diretora de comunicação da 99, investimento em tecnologia parece, de fato, ser o caminho para inibir o assédio às passageiras. “As mulheres representam mais de 60% do total de passageiros da plataforma. A empresa investe continuamente em tecnologia, conscientização e em atendimento humanizado. Em 2020, foram aplicados cerca de R$ 35 milhões em segurança, com isso houve a redução das ocorrências graves na plataforma em 29%, por 1 milhão de corridas, de janeiro a dezembro, em todo o país.

Ela acrescenta que entre os destaques tecnológicos está o 99Mulher, ferramenta que chegou a todas as regiões do Brasil em março e permite que motoristas do sexo feminino possam escolher transportar apenas passageiras. “Outro instrumento é o Rastreador de Comentários, inteligência artificial desenvolvida em parceria com a consultoria feminista Think Eva que localiza automaticamente denúncias de assédio deixadas nos comentários ao fim das corridas, agilizando o contato com as vítimas”, afirma.