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Período chuvoso aumenta risco de doenças transmitidas por inundações

Embora as chuvas sejam comuns durante todo o ano num país tropical como o Brasil, é preciso acender um alerta especial com a saúde em períodos de tempestades. Isso porque doenças como leptospirose, hepatites infecciosas, infecções gastrointestinais e tétano podem ser transmitidas pelo contato ou ingestão de água de enchente infectada.

“Todas essas patologias podem ser contraídas de outras formas e não exclusivamente por esse modo. No caso do tétano e da leptospirose, as chances de contaminação aumentam se cortes, lesões ou feridas entrarem em contato com a água suspeita. Lembrando que todas são perigosas, mas, sem dúvida, a que gera casos mais severos é a leptospirose, que na sua forma grave pode ser fatal. Febre, calafrios, dores musculares, cefaleia e dor ao redor dos olhos são os sintomas clássicos da doença”, alerta o infectologista e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estevão Urbano.

A enfermidade é causada pela bactéria leptospira, presente, especialmente, na urina de ratos contaminados. Durante as inundações, o xixi de roedores, que circulavam em esgotos e bueiros, misturava-se à enxurrada e à lama. Qualquer pessoa que tiver contato com esses resíduos pode se infectar.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados em Minas Gerais, de 2011 a 2018, 924 casos de leptospirose e 102 óbitos, o que representa uma letalidade de 11%.

Outras doenças também podem ser contraídas e os sintomas vão depender de cada caso. “Quando se trata das infecções gastrointestinais ocasionadas por bactérias, os indícios são náuseas, febre, vômitos e diarréias. Hepatites causam dores na região do fígado, aspecto ‘amarelão’ na pele e nos olhos, que chamamos de icterícia, além de fezes claras, urina escura, dores musculares e febre”, explica Urbano.

Os tratamentos também variam. “As infecções e a leptospirose são curadas com antibióticos. No caso de hepatites, o método é apenas suportivo, sendo preciso dar tempo ao organismo para se recuperar por meio de soro, analgésicos e antitérmicos. Para o tétano, a melhor prevenção é a vacina”, afirma o médico.

Em todos os casos, o recomendado pelo infectologista é ficar atento ao surgimento de qualquer sintoma após o contato com água de inundações e enchentes. “É necessário observação clínica, se aparecer algum desses sinais, procure um médico. Em relação ao que deve ser feito após as chuvas, o indicado é que, assim que puder, tome um banho, limpe a caixa d’água, desinfete toda a casa e descarte todos os alimentos tocados pela água suspeita, inclusive os enlatados”, recomenda o infectologista.