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75% dos usuários de cartão de crédito costumam parcelar suas compras

Não é novidade que a pandemia mudou os hábitos de compra do consumidor brasileiro. Foi o que apontou uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pela Associação Brasileira de Internet (Abranet). De acordo com o levantamento, 75% dos usuários de cartão de crédito responderam que têm o costume de parcelar suas compras de produtos ou serviços. A prática é maior entre as mulheres (78%) do que entre os homens (71%).

As aquisições de vestuários/joias (54%), bens duráveis (39%) e farmácias (34%) são as que mais se destacam entre as categorias na qual o parcelamento é feito com mais frequência. O grupo de bens duráveis, como carros, móveis e eletrodomésticos, é a que apresenta a maior diferença entre o índice de parcelamento habitual e compras à vista. Somente 16% dos participantes disseram que têm condições de obter um bem durável à vista.

O estudo ainda mostra que 73% da população começou a utilizar, ou intensificar o uso, de formas de pagamento durante a crise sanitária, como parcelamento no cartão de crédito sem juros (33%), transferência entre contas (33%) e boleto bancário (29%), que ganharam espaço em detrimento ao dinheiro ou cartão de débito, uma vez que exigem a presença física do consumidor.

Segundo o Datafolha, 60% das pessoas atribuem 9 e 10 (em escala de 0 a 10) para a importância do parcelamento sem juros na vida financeira. A valorização dessa modalidade de pagamento é maior entre a mulheres (67% de notas 9 e 10 ante 54% dos homens) e integrantes das classes C (62%) e D/E (66%), frente a 55% entre as classes A/B.

Segundo o presidente da Abranet, Eduardo Neger, há uma parcela expressiva da população que não tem condições de comprar determinados produtos e serviços à vista. “Além disso, o parcelamento sem juros no cartão de crédito é um hábito antigo de consumo do brasileiro e dos lojistas, que ajuda a economia girar”.

Ele acrescenta que a pesquisa indicou um uso expressivo do parcelamento sem juros no cartão de crédito, meio de pagamento utilizado extensivamente nas plataformas de comércio eletrônico, cuja utilização cresceu durante a pandemia. “As pessoas estão mais tempo dentro de casa e, consequentemente, ficaram mais dependentes de equipamentos eletrônicos, por exemplo, e compras on-line parceladas”.

Neger ressalta que, para a pesquisa, o uso do parcelamento no cartão de crédito foi avaliado com base em 13 categorias estimuladas pelo estudo. “Questionados sobre pagamento à vista, mais de 60% dos compradores reportam impossibilidade para bens duráveis, material de construção, serviços médicos/dentistas, turismo/transporte, educação e veículos”.

Considerando as mesmas 13 categorias, serviços médicos, educação e veículos são os que teriam maior adesão ao parcelado com juros no cartão de crédito – em torno de 50% dos que costuma parcelar sem juros habitualmente. “A compra de produtos alimentícios com juros no parcelamento teria também adesão relativamente alta de 44% dos compradores habituais no parcelamento sem juros. Ou seja, a disposição de parcelar com juros no cartão tende a ser mais comum para produtos e serviços que o consumidor considera imprescindíveis”.

Para as demais categorias em que os entrevistados usam o modelo de pagamento parcelado, a intenção de compra com juros é relatada por cerca de 30-40%, chegando ao mínimo de 18% entre os usuários dos serviços de salão de beleza/ barbeiro. “Este último grupo está entre os que têm menor proporção de consumidores que declaram usar o fracionamento. Em muitas categorias, sem o parcelamento sem juros no cartão, parte dos compradores poderia pagar à vista e haveria ainda os que simplesmente deixariam de comprar”.

O presidente explica ainda que a pandemia acelerou a tendência do uso de meios de pagamento digitais e que não necessitam de contato físico como ocorre com o dinheiro ou cartão de débito. “Esse é um hábito que veio para ficar”.

Ele conclui dizendo que muitas plataformas já oferecem ferramentas que auxiliam no planejamento e organização das finanças pessoais. “Mas que a educação financeira do indivíduo ainda é o pilar para este equilíbrio”.