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Fevereiro Laranja: quase 11 mil casos de leucemia são diagnosticados anualmente

A cena em que Camila (Carolina Dieckmann) tem os cabelos raspados em decorrência do tratamento para leucemia ainda mexe com o brasileiro. E, assim como a personagem fictícia imortalizada na novela “Laços de Família”, cerca de 10.810 mil pessoas da vida real são diagnosticadas com a doença todo ano, de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Chamado de “Fevereiro Laranja”, o segundo mês do ano é dedicado a uma campanha de conscientização sobre detecção precoce do câncer e a importância da doação de medula óssea.

Atualmente, a leucemia é o 9º câncer mais comum entre os homens e o 11º entre as mulheres. Guilherme Muzzi, hematologista e coordenador do serviço de transplante de medula óssea do hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, explica como a enfermidade opera no organismo. “Ela é um líquido avermelhado e viscoso, presente principalmente nos ossos da bacia e da coluna vertebral, sendo responsável pela produção das células do sangue. A leucemia causa o acúmulo de células doentes na região e consequente substituição das saudáveis. Na maioria das vezes, a origem desta patologia é desconhecida, e, infelizmente, ela pode ser fatal”, afirma.

Muzzi esclarece que existem mais de 10 tipos da doença, sendo os mais comuns a Leucemia Mielóide Aguda (LMA), Leucemia Mielóide Crônica (LMC), Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e Leucemia Linfocítica Crônica (LLC).

Segundo o especialista, apesar de certas semelhanças, a evolução e o tratamento de cada uma é diferente. Já o diagnóstico é feito por meio do mielograma, no qual é realizada uma punção do osso da bacia e aspiração da medula óssea. Posteriormente, as células são analisadas com um microscópio.

Os sintomas da enfermidade variam de acordo com o tipo. “A redução dos glóbulos vermelhos, por exemplo, causa anemia, fadiga, palidez, falta de ar, sonolência e dor de cabeça. Já a diminuição dos glóbulos brancos afeta a imunidade, o que deixa o paciente mais suscetível a infecções. A queda das plaquetas ocasiona sangramento nasal ou gengival, e manchas arroxeadas na pele. Além destes sinais, a leucemia pode provocar dor nas articulações, febre, suor noturno e aumento dos gânglios, conhecidas como ínguas, além do baço e fígado”, informa.

De acordo com o Inca, na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem a doença não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, existe uma grande dificuldade em evitá-la. No entanto, exposição a produtos químicos, irradiação, tabagismo e hereditariedade são alguns citados em estudos sobre os tipos da doença.

Tratamento

O objetivo do tratamento é destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células normais. Esse processo vai da quimioterapia ao transplante, segundo o Inca.

No caso do transplante, Muzzi esclarece que o processo tem início com testes de compatibilidade entre o paciente e os irmãos. Caso não haja combinação sanguínea, opta-se por procurar um doador no banco de medula óssea “A doação não causa qualquer comprometimento ao doador. Para o paciente, o sucesso do tratamento depende de sua idade, do tipo de transplante, de qual doença se trata e da compatibilidade”.

O médico afirma que, muitas vezes, o paciente mantém uma boa qualidade de vida. “Nas crônicas, praticamente não há efeitos colaterais graves, e o tratamento pode ser realizado no ambulatório ou até mesmo em casa. Nas agudas, a quimioterapia é feita no hospital, e a pessoa tem que ficar um tempo internada para receber transfusões e antibióticos”, diz.

Doe

Para ser um doador basta ter idade entre 18 e 55 anos, apresentar boas condições de saúde, não ter manifestado ou estar em tratamento de câncer, doenças no sangue, infecciosas ou do sistema imunológico.

Os interessados devem se cadastrar no Hemominas, onde se coleta 5ml de sangue para realização de testes de compatibilidade e as informações genéticas são cadastradas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Caso a pessoa seja compatível com algum paciente da lista de espera, ela é novamente convocada, realiza exames de saúde e é convidada a realizar a doação.