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65% dos lojistas de BH ficaram decepcionados com a Black Friday

U ma pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/ BH) apontou que a Black Friday movimentaria R$ 2,02 bilhões na economia da capital mineira, mas ressaltava que o e-commerce seria a grande força da data. Isso se confirmou na prática. Um levantamento do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), que representa 32 mil lojistas da capital, mostrou que 64,9% dos empresários afirmaram que a campanha comercial de novembro não ajudou na recuperação das perdas dos últimos meses.

A pesquisa ouviu representantes de comércios instalados nas ruas e nos shoppings da cidade dos segmentos de vestuário, papelarias, livrarias, móveis e decorações, cama, mesa e banho, óticas, joias, calçados, perfumaria, cosméticos, eletrodomésticos e brinquedos. De acordo com 71,72% dos entrevistados, as vendas de 2020 foram piores que as do ano passado, sendo que 35,36% declararam queda muito superior a 20%.

De acordo com o presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato, apesar de ser considerada uma data recente no calendário do comércio, empresários tradicionais se adaptaram ao longo do tempo para colher seus frutos. “A Black Friday é uma data bem recente, desenvolvida pelas grandes redes, para aumentar vendas no final de novembro, acompanhando o movimento norte-americano. O desempenho começou a melhorar nos últimos 3 anos, de modo geral, para o comércio que apoiou o movimento das gigantes. Porém, 2020 foi um ano muito fraco mediante todos os problemas que estamos enfrentando”, lamenta.

Para Donato, resultados mais negativos do que os esperados deixaram comerciantes em alerta para o período das vendas natalinas. “Um dos motivos é que muitas pessoas estão dentro de casa, deixaram de fazer suas compras físicas, por isso o aumento de cerca de 20 a 25% das compras on-line, mas que não colaborou para o desempenho dos lojistas porque, apesar dos ganhos no e-commerce, houve uma perda muito grande nas lojas físicas. O alto nível de desemprego e o endividamento das famílias também são causas que atrapalharam o desempenho das vendas”, avalia.

Recorde no e-commerce
Em ano de pandemia, o consumidor ficou em casa, mas isso não o impediu de ir às compras. Segundo pesquisa divulgada pela Nielsen Holdings, empresa global de medição e análise de dados, a Black Friday rendeu um faturamento de R$ 4,02 bilhões no e-commerce em apenas 2 dias, um crescimento de 25,1% em relação ao ano passado. De acordo com os números, foram mais de 6 milhões de pedidos gerados, 15,5% superior a 2019, e um valor médio de R$ 652, 8,3% maior do que o período anterior.

“A pandemia fez o consumidor ter um comportamento diferente. As compras ficaram diluídas e o comércio eletrônico soube aproveitar o momento e fisgá-los com descontos, oportunidades e atratividades. O esquenta deste ano ganhou muita relevância. As pessoas utilizaram todo o período de novembro para encontrar preços melhores e fechar bons negócios”, afirmou a líder da empresa responsável pela pesquisa, Julia Avila. Isso porque, considerando o período de 19 a 27 de novembro, as vendas na internet foram de R$ 6 bilhões.

Na avaliação de Donato, há desequilíbrio na competição entre lojas on-line e físicas. “É muito difícil competir com preços na internet. Primeiro, porque as grandes empresas com e-commerce desenvolvido pagam menos impostos. O ICMS, por exemplo, chega a ser de 4 a 7%, enquanto que uma rede pequena ou média física paga de 12 a 18%. Só neste quesito há uma vantagem competitiva muito grande”, diz.

No entanto, o presidente acredita em dias melhores. “De qualquer forma, o Sindilojas-BH avalia que o comerciante tradicional ainda tem um longo caminho pela frente. As pessoas preferem sair, se divertir e fazer compras durante este momento. Elas gostam de tocar no produto. Portanto, loja física e on-line vão sobreviver juntas ainda por muito tempo. A recuperação do comércio tradicional passa pela vacinação contra a COVID-19 da maioria da população brasileira. Nós acreditamos que, assim que as pessoas se sentirem mais seguras para saírem de casa, lógico que não imediatamente, e voltem a circular sem medo, o comércio local vai começar a recuperar essas grandes perdas”, anseia.