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Mercado de games cresce com isolamento e espera faturar US$ 153,9 bilhões este ano

Não é novidade que a economia teve um recuo por consequência da pandemia da COVID-19. Alguns mercados sofreram e, agora, depositam sua esperança na flexibilização do comércio. Mas um setor promissor passa quase ileso por este momento e, inclusive, tem crescido: o mercado de games. Segundo pesquisa da Superdata, em março deste ano, o segmento já havia superado US$ 10 bilhões de dólares no mundo, o que significa um montante de R$ 56 milhões.

Quando comparado com 2019, o cenário atual aponta um maior aumento nos jogos de console (videogames de mesa), com 42%, em seguida vem os jogos para celulares (14%) e, por último, os de computadores (12%). Um relatório feito pela Newzoo mostra que os games para dispositivos móveis devem gerar US$ 77,2 bilhões, alta de 13,3% diante do ano passado. Já o setor como um todo deve expandir 9,3%, com expectativa de acumular um montante de US$ 153,9 bilhões, panorama que inclui o pós-pandemia.

A América Latina deve ter o maior crescimento do mundo: 10,3%. Mas, ao todo, a região representa apenas 4% da receita relacionada a jogos global. A projeção da Newzoo ainda revela que o ramo vai atrair 2,6 bilhões de usuários ainda em 2020.

Segundo o sócio e diretor da eBrainz, consultoria especializada em games e eSports, Beto Vides, a principal razão para este aumento é, justamente, o distanciamento social. “Os jogos estão oferecendo uma distração atraente para quem está em casa e procura alguma forma de passatempo, diversão ou mesmo de interação social remota – já que é possível, literalmente, interagir com quem está do outro lado do mundo. Isso impacta, até mesmo, na saúde das pessoas”.

Ele acrescenta que o ecossistema de games e jogos eletrônicos é imenso, parecido, inclusive, com o biológico, onde elementos diversos se interconectam. “Abrange desde grandes, médias e pequenas empresas desenvolvedoras, estúdios e distribuidoras de conteúdo, a fabricantes de plataformas, componentes e varejistas que comercializam produtos. O segmento também abarca clubes de esportes eletrônicos, feiras, eventos, além de uma vigorosa mídia endêmica especializada”.

O mercado atrai ainda uma massa de consumidores que, segundo ele, são exigentes. “Os shoppers desse setor têm características peculiares. É um público que gosta de ser bem tratado, sob medida pelos players da indústria. Os gamers sabem do seu potencial como consumidores e exigem tratamento diferenciado das marcas que querem abordá-los. São pessoas concentradas em seus jogos favoritos e que buscam interatividade produtiva em escala global”.

Futuro

“Segundo resultado apresentado pela 19ª Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia, da consultoria PwC, o mercado de games no Brasil deve crescer em torno de 5,3% até 2022. Apenas com jogos de celulares, segundo a PwC, o faturamento subirá de US$ 324 milhões, em 2017, para 878 milhões de dólares em 2022”, afirma Vides.

O Brasil não fica de fora dos altos índices. “O faturamento estimado do mercado nacional de jogos digitais chegará a US$ 1,756 bilhão. O levantamento analisou 15 segmentos da área em 53 países e indicou que a receita global deve chegar a US$ 2,4 trilhões em 2022 contra US$ 1,9 trilhão registrados em 2017. De acordo com a PwC, os ramos de publicidade digital e games são os que mais crescerão até 2022 – a expansão média anual prevista é de 12% e 15%, respectivamente”.

Paixão que vira profissão

Na vida ele é conhecido como Gustavo Gonçalves, mas no mundo dos games ele é o Shoowtime, jogador da Imperial e atual campeão do Campeonato Brasileiro de CS:GO (CBCS). “Desde criança era apaixonado por videogame, por isso, conheci o CS muito cedo. Quando cresci vi que minha paixão poderia virar meu trabalho e isso só fez aumentar meu interesse nos jogos”.

Shoowtime percebeu que poderia ganhar a vida com os games em 2015, quando venceu a Golden Chance e teve a oportunidade de morar fora do país. Para ele, a quantidade de jogadores e de público é um grande fator para a ampliação do setor. “Com isso, mais empresas se interessam pelo mercado, investem e temos um ciclo que contribui para que o nosso cenário cresça e fique ainda mais profissionalizado”, finaliza.