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Número de idosos diabéticos cresce e o de hipertensos se mantém estagnado no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, o número de idosos com diabetes no Brasil passou de 18,2% em 2006 para 21,8% em 2019, enquanto que o índice de hipertensão entre pessoas com mais de 60 anos está estagnado há 14 anos em patamar elevado: 55,4%. Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônica (Vigitel) realizada nos 26 estados e no Distrito Federal.

O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG), Adauto Versiani, teme que caso a população não se conscientize, essas taxas cresçam ainda mais. “À medida que alguém envelhece, o pâncreas também sofre, não funcionando adequadamente. Também com o decorrer do tempo, as pessoas vão ficando sedentárias, desenvolvendo sobrepeso ou obesidade, que são fatores de risco para a diabetes e hipertensão. Por isso, a prevalência da diabetes em cidadãos jovens fica em torno de 10%, enquanto que na população idosa, o número salta para cerca de 22%. O Brasil enfrenta altas quantidades, tanto de hipertensos, quanto de diabéticos entre os mais velhos. E isso é muito preocupante”, ressalta.

Os dados da Vigitel mostram que a diabetes cresceu, principalmente, entre os homens com idade entre 60 e 64 anos. Em 2006, o percentual nessa faixa etária era de 12,6%. No ano passado, o índice chegou a 22,2%. Já entre as mulheres, os números estão estáveis desde o primeiro levantamento, com exceção para aquelas que têm mais de 75 anos, em que a prevalência da diabetes passou de 18,4% para 24% no período.

Já a hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, está tão presente na vida dos idosos brasileiros quanto há 14 anos. De acordo com o levantamento, de 2006 a 2019, o percentual passou de 55,8% para 55,4%.

Versiani explica que uma vez diagnosticado o problema, seja diabetes ou hipertensão, o paciente precisa se conscientizar da importância de adotar hábitos saudáveis e a prática de atividade física. “O acompanhamento médico é fundamental para avaliar qual medicamento é o mais indicado para cada caso. Se a pessoa levar a sério essas orientações, ela pode ter uma taxa de risco de problemas cardiológicos muito parecida com a população que não apresenta essas doenças”, diz.

A prevenção das patologias também é baseada em adotar uma vida mais saudável. “É necessário mudar alguns costumes desde mais jovem, como ter uma alimentação adequada, cuidar do peso, praticar esporte, reduzir o nível de estresse, diminuir o consumo de doces e carboidratos, assim como o sal nas refeições, bebida alcoólica e cigarro. A dica é sempre comer mais frutas, verduras, beber bastante água e ter tempo para o lazer. Tudo isso, se for feito mais cedo, ajuda na prevenção, tanto da diabetes, quanto da hipertensão, proporcionando mais qualidade de vida”, orienta o endocrinologista.

Preocupação com a pandemia

Não bastasse os cuidados necessários ao dia a dia da pessoa hipertensa e/ou diabética, a pandemia trouxe mais motivos para que o Brasil se preocupe com os números ascendentes dessas doenças entre os idosos. Afinal, as autoridades em saúde apontam que as duas enfermidades em indivíduos com mais de 60 anos os colocam em um maior risco de apresentarem gravidade ou óbito por coronavírus.

“As pessoas idosas que apresentam diabetes e hipertensão, principalmente, de modo descontrolado têm mais chances de ter as formas agressivas da COVID-19. Por isso, é muito importante que essas enfermidades estejam controladas para prevenir os riscos de complicações. A SBEM recomenda que não se interrompa e continue fazendo uso dos medicamentos indicados pelo médico. A pessoa deve também seguir as recomendações dos órgãos de saúde, como higienização, uso de máscaras e o isolamento social para evitar possível contágio”, finaliza.