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42% dos comércios de materiais de construção venderam mais no isolamento social do que em 2019

Reparos e reformas domésticas que estavam sendo adiadas parecem ter incomodado os brasileiros desde o início da pandemia, quando grande parte da população passou a ficar mais em casa. Isso porque, segundo o Termômetro da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), em todo o país, 42% dos empresários do setor registraram crescimento nas vendas nos últimos 3 meses em relação ao mesmo período do ano passado. Cerca de 20% apontaram queda e 38% disseram que elas se mantiveram constantes.

Números que por si só já seriam motivos de comemoração em qualquer período, mas quando considerado que isso ocorre em plena crise sanitária, enquanto outros setores do varejo amargam devido ao isolamento social, os índices são ainda mais surpreendentes. Para efeito de comparação, na mesma época, as vendas de combustíveis recuaram 11,6% e as de vestuário e calçados, 37,5%. O ICVA, indicador de varejo da Cielo, também confirma a alta no ramo: o faturamento da venda de materiais de construção subiu 33,1%, na semana de 19 a 25 de julho, e foi o único da categoria de bens duráveis a ter elevação no período. Tiago Mendonça, CEO de uma rede de lojas do segmento com 90 estabelecimentos em 70 cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, foi um dos que sentiram o faturamento crescer em plena crise. A empresa registrou crescimento de 130% nos canais de venda on-line durante a pandemia, o que já representa 71% do faturamento total.

“Sempre tivemos o foco em ser uma companhia do segmento de construção com base em inovação e tecnologia e estamos colhendo frutos do que viemos plantando ao longo de, no mínimo, 5 anos. É gratificante alcançar um dos melhores resultados da história em um momento tão difícil”, diz o empresário. A expectativa da marca é fechar o ano com mais de 100 lojas e receita anual de R$ 500 milhões, além do aporte de R$ 115 milhões de seus sócios para expansão.

Esse caso confirma os dados da pesquisa da Anamaco: grandes empresas tiveram melhor desempenho. As companhias com menor porte (de 1 a 4 funcionários) apontaram queda de 33% nas vendas. Nas lojas de maior porte, esse indicador variou entre 14% e 20%, bem abaixo do nível registrado nas pequenas corporações. Segundo o estudo, em relação a quais produtos foram mais vendidos, 67% das respostas no segmento de revestimento cerâmico foram positivas, parcela que foi de 46% nas empresas focadas em produtos básicos (como cal, cimento, madeira, areia), e apenas 30% no ramo especializado em material elétrico.

Qual a razão?
O levantamento também se debruça sobre as possíveis causas para um cenário tão positivo para o setor. A hipótese apontada pela associação é que a medida de sustentação da renda, do chamado auxílio emergencial, no valor de R$ 600, adotada pelo governo federal, aumentou a demanda por materiais de construção, além de outros itens básicos de alimentação, higiene e saúde.

“Passados 5 meses desde o primeiro caso de COVID-19 no Brasil, outro consenso começa a se formar: a trajetória de recuperação da economia também é uma questão em aberto. No caso específico do varejo de materiais de construção, o desempenho dos indicadores do Termômetro Anamaco são positivamente surpreendentes. Pode-se afirmar que os varejistas de materiais se assemelham ao segmento de supermercados, tendo sido menos afetados pela queda na demanda que o comércio em geral. Ainda assim, esses benefícios se distribuíram desigualmente de acordo com o porte dos varejistas de materiais”, lê-se no estudo.

Expectativas do setor
Neste segundo semestre, 45% dos comerciantes acreditam que haverá crescimento nos próximos 3 meses. Apenas 11% esperam queda e 44% dos participantes acreditam na estabilidade. Em todos os casos, as empresas maiores se revelaram mais otimistas do que as de pequeno porte (até 4 funcionários).