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União de Cruzeiro e Atlético?

Uma proposta audaciosa, mas extremamente civilizada está sendo entabulada pelo presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues. Ele está estendo as mãos ao arquirrival Atlético para que, em breve, os dois times possam trabalhar de maneira diferente. O maior objetivo é rever o atual status do futebol. Atualmente, o espetáculo é eivado de erros e contradições, levando as torcidas a uma guerra sem tamanho em todos os estádios brasileiros, inclusive em Minas Gerais.

O conceito do presidente cruzeirense é oportuno, mas de execução complexa. Uma ideia, por exemplo, é dividir o número de ingressos por igual, propondo ainda que os dois dirigentes tenham a liberdade de assistir às partidas sentados lado a lado, como ocorre na Europa. Neste caso, Sérgio Sette Câmara e Sérgio Santos Rodrigues ficariam no mesmo banco durante os jogos. Para que isso ocorra seria fundamental mudar a cultura dos torcedores acostumados a nutrir divergências fora e dentro dos estádios e isso tem sido alimentado ao longo de décadas.

Certamente, essa mudança de postura não se dará em um passe de mágica, porém esse pode ser o primeiro pontapé para o início de uma nova era, evitando a balbúrdia dos eventos esportivos, onde as arenas se transformam em praças de guerra, registrando-se sempre a selvageria de poucos, mas barulhentos torcedores.

Analisando de maneira mais equilibrada, a verdade é que a sugestão do representante cruzeirense se encaixa mais a finalidade do futebol: servir de diversão, especialmente para as milhares de famílias brasileiras, amantes desse esporte. E, infelizmente, devido a essa adversidade patrocinada, muitas vezes, não há um clima amistoso para que os pais se sintam seguros em levar seus filhos às partidas.

Até o momento, o presidente atleticano não se pronunciou sobre as falas do dirigente do Cruzeiro. Ao conceder entrevista à imprensa, Rodrigues mencionou, inclusive, o fato de que muitos patrocinadores têm interesse em um acordo de cavalheiros com intuito de garantir investimento no segmento esportivo, deixando de lado as desavenças de bastidores.

Otimista, Rodrigues imagina ser possível até convidar para as partidas dos dois times, os dirigentes da Federação Mineira de Futebol (FMF), assim como outras autoridades que seriam recepcionadas pelos dois concomitantemente. Essa é uma cena que, se levada a efeito, poderia servir de parâmetro para outras equipes no Brasil. No entanto, isso está longe de acontecer, afinal, devido à pandemia, os times estão sem norte e sem calendário. Alguns jogos já estão sendo reiniciados, porém à base de estádios vazios.

Diante dessa realidade, a tese de boa convivência entre os clubes mineiros tende a ficar para o futuro, pois, na prática, é impossível de ser concretizada. Intitulando-se amigo do xará atleticano, o timoneiro da Raposa afirma que se, até agora, os antigos presidentes dos clubes não se entendiam, o momento é diferente. “Nós nos respeitamos e podemos protagonizar o princípio de uma nova era no mundo do esporte mineiro”