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Estudo mostra que 60% dos brasileiros com mais de 45 anos já refletiram sobre a morte

A pandemia do coronavírus está transformando vários aspectos sociais, fazendo as pessoas repensarem – ou começarem a pensar – sobre temas que estavam esquecidos ou que eram difíceis de refletir e, entre eles, a morte é um dos que estão mais presentes. A pesquisa “Plano de Vida & Legado”, feita pela startup Janno em parceria com a MindMiners, mostrou que 60% dos brasileiros com mais de 45 anos já refletiram sobre o assunto.

Com o distanciamento social e os números crescentes de mortes causadas pela COVID-19, os brasileiros começaram a pensar o tema e, conforme a idade passa, fica cada vez mais fácil falar: 47% entre 45 e 54 anos; 38% entre 55 e 64 anos; e 31% entre os 65+. Além disso, 54% com mais de 45 anos se identifica com a afirmativa: eu me preocupo com o que vou deixar (patrimônio ou dívidas) para meus filhos e familiares quando não estiver mais aqui.

“Aquela hipótese de que as pessoas mais velhas não gostam de falar sobre a morte não foi comprovada na pesquisa. Quanto mais lidamos com a possibilidade de morrer, mais fácil fica de falar e pensar sobre o assunto”, explica Layla Vallias, cofundadora da Janno e coordenadora da pesquisa.

Longevidade e finitude também foram temas que vieram à tona neste momento. Sete em cada 10 entrevistados com mais de 60 anos afirmam que estão refletindo mais sobre a finitude durante a pandemia; quatro em cada 10 estão com medo de morrer; e dois em cada 10 começaram o planejamento de fim de vida durante o distanciamento social. “Todos os dias vemos nos jornais a morte estampada com os números de vítimas da COVID-19 e isso faz com que, consequentemente, passamos a pensar mais sobre isso. Para se ter uma ideia, o Google registrou um aumento de 75% nas buscas da palavra ‘testamento’. Ou seja, além de pensar, os brasileiros também estão se planejando”.

Sobre as “vontades”, 60% com mais de 45 anos afirmam que querem morrer em casa; 13% em hospice (com cuidados especiais de tratamento de fim da vida); 13% em hospital, mas não UTI; 4% em casa de repouso (ILPI); e 2% na UTI.

Ademais, seis em cada 10 brasileiros com 45+, que já refletiram sobre a morte, sabem quais são os desejos de final de vida: 70% já conversaram sobre os ritos funerários com familiares e amigos próximos; metade já falou sobre como querem ser cuidados em caso de doença terminal. Entretanto, nesse assunto falta à reflexão sobre a elaboração (pessoal e financeiro) para essa etapa da vida, 80% de quem tem mais de 45 anos não registraram os seus desejos, por exemplo. “Os brasileiros acreditam ser importante organizar documentos, testamento e plano funeral, mas apenas poucos já começaram efetivamente esse planejamento”.

Morte ainda é tabu

Embora seja um tema frequentemente abordado pelas religiões e artes, a morte não chega facilmente à mesa do jantar, como também demonstra o estudo. Segundo a pesquisa, sete em cada 10 brasileiros ainda consideram a morte um tabu.

Layla diz que as pessoas, de um modo geral, não falam sobre o assunto, pois é algo que causa medo. “Há o receio do que virá após a vida e pensar que somos finitos traz a responsabilidade do hoje. Por isso, pensar sobre a morte, seja a nossa ou de quem é querido, dói muito e deixamos isso sempre para o futuro”, finaliza.