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Apesar de pouco difundida, hipnose ajuda a reprogramar comportamentos

Não se sabe ao certo a origem da hipnose, mas existem alguns textos produzidos no Egito no século 1550 antes de Cristo que apontam evidências de que os povos mais antigos já utilizavam essa técnica. Apesar de ser milenar, a hipnose voltou a ser assunto nas conversas dos brasileiros quando o ex-participante do Big Brother Brasil, Pyong Lee, fez uma sessão na casa mais vigiada do país.

Para entender como essa prática funciona, o Edição do Brasil conversou com o hipnoterapeuta e professor de hipnose, Thiago Porto (foto).

O que é hipnose?

Tecnicamente é um estado de concentração mais interiorizado, com mais atenção a reações subconscientes, como pensamentos e emoções, e menos atenção a estímulos externos. A hipnose é ludicamente alcançada para acessar programações mentais que não temos como controlar fora desse estado, como programações de hábitos, personalidade, crenças, etc.

Quais são os principais benefícios dessa prática?

Depende da aplicação. O método terapêutico (hipnoterapia) é, certamente, a modalidade que mais apresenta benefícios. É possível programar comportamentos mais saudáveis na mente, reprogramar transtornos emocionais e psicossomáticos por meio da dessensibilização de traumas vividos.

Quais são os riscos?

Se o hipnotista ou hipnoterapeuta não for capacitado para conduzir o estado de transe com segurança, há o risco de ter acesso a memórias traumáticas que estavam ocultas, o que gera reações emocionais e comportamentos negativos. Em alguns casos, isso pode até desencadear o início de vários transtornos, como depressão, ansiedade, fobia e síndrome do pânico.

Quais profissionais podem fazer hipnose?

A hipnose é de prática livre no Brasil, portanto, qualquer pessoa pode se capacitar para exercê-la. Mas é mais comum ver profissionais da área da saúde desenvolvendo essa técnica, como terapeutas, psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas e médicos.

É possível fazer auto-hipnose?

Sim. É uma prática que lembra um pouco a meditação, mas se difere completamente no propósito. Uma pessoa em auto-hipnose consegue ter acesso à sua mente subconsciente e as programações que ficam lá. A hipnose é muito poderosa para reprogramar hábitos e comportamentos negativos, além de ser ótima para o desenvolvimento do controle emocional.

Existem pessoas que são mais passíveis a serem hipnotizadas?

Para serem hipnotizadas não, mas para aceitarem sugestões hipnóticas (comandos), sim. Porém, essa característica só é relevante para práticas de hipnose em shows, na qual o hipnotista precisa fazer com que as pessoas hipnotizadas tenham reações de alucinação ou delírio. É necessário ter um alto nível de sugestionabilidade para passar por isso.

Na prática da hipnoterapia, as sugestões hipnóticas não exigem reações de alucinação, portanto, dizemos que não há diferença entre quem tem mais ou menos facilidade para entrar em hipnose, todas as pessoas conseguem passar por esse processo.

É possível hipnotizar uma pessoa contra a sua vontade?

Sim, mas pouquíssimas pessoas têm esta “abertura”. São pessoas mais sensíveis a entrar em hipnose por métodos súbitos (sustos, por exemplo), porém é muito raro.

Quais são os limites da hipnose? Existe um órgão que regulamenta a prática?

A hipnoterapia não é regulamentada, sendo assim, qualquer pessoa pode praticar. Não existe um órgão, como um conselho federal ou regional, que normatize sua prática. A legislação do Brasil não restringe o uso da hipnose apenas a médicos, odontólogos e psicólogos e ela é reconhecida nos conselhos federais de medicina, odontologia, psicologia e fisioterapia.

Já a hipnose de palco ou para entretenimento chegou a ser proibida no Brasil pelo Decreto nº 51.009, de 22 de julho de 1961. Porém, ele foi revogado pelo Decreto 11 de 21/1/1991, sendo que este último foi, também, revogado. Entretanto, isso não restaurou a lei original. Ou seja, até mesmo a hipnose de palco é uma atividade de livre exercício no país.