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Trombose e embolia pulmonar: as graves complicações da COVID-19

Todos os dias são descobertas novas facetas e desdobramentos da COVID-19, causada pelo novo coronavírus. No início do surto da pandemia, o mal era definido como uma doença respiratória, similar a um resfriado. Agora, sua definição mais abrangente é de que se trata de uma enfermidade imunológica sistêmica. Isso porque, segundo o especialista em cirurgia vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e Endovascular (SBACV) Gilberto Rabahie, ao combater o novo coronavírus, o organismo humano pode desenvolver complicações pulmonares e trombóticas. Por isso, pessoas já com tendência a complicações vasculares devem redobrar o cuidado para não contraírem a doença.

De acordo com o cirurgião vascular, uma patologia imunológica ocorre quando o organismo reconhece como estranho os tecidos do próprio corpo, produzindo anticorpos que vão atacá-los e tentar destruí-los. Já os casos de trombose em pacientes infectados por COVID-19 foram apresentados por pessoas em estado grave, segundo Rabahie. “A grande maioria que contraiu o novo coronavírus não apresentou o quadro vascular, de fato. Entretanto, pacientes em quadro crítico tiveram trombose em episódios de grande calibre ou microcirculação”, explica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não reconhece como grupo de risco do novo coronavírus pessoas com doenças vasculares. Entretanto, segundo o médico, dados vindos da China, país onde a pandemia de COVID-19 começou, corroboram a relação. “Há levantamento que aponta taxa de 25% do desenvolvimento de trombose venosa profunda e embolia pulmonar em pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Do percentual apontado, 40% chegaram a óbito. Não há números oficiais ainda no Brasil, mas as estatísticas disponíveis, até o momento, mostram comprometimento pulmonar e trombótico (tromboembolismo venoso) em até 69%, com gravidade variável, em pacientes graves em tratamento em UTI”, diz.

Segundo o especialista, as primeiras evidências surgiram da realização de necropsias em pacientes que haviam falecido devido à COVID-19. “Observou-se microcoágulos em tecido pulmonar, renal e outros. A análise clínica dos pacientes internados em estado grave em UTI mostrou com clareza que eventos trombóticos eram frequentes, levando à embolia pulmonar (quando as artérias do pulmão estão obstruídas por um coágulo de sangue) e, também, microtrombos em vasos de pequeno calibre, causando isquemia (falta de circulação) em extremidades”, alerta.

Por conta do risco do desenvolvimento de trombos, o uso de coagulantes tem sido adotado para tratamento de COVID-19 em determinados casos. “Podemos dizer que não há mais testes com anticoagulação. Está claro a necessidade do uso desse tipo de medicamento em pacientes internados com o novo coronavírus. Os anticoagulantes têm feito parte do tratamento da doença”, acrescenta.

As pessoas que têm trombose, o cirurgião explica que o tratamento contra a doença vascular, normalmente, não é interrompido em caso de contaminação pelo novo coronavírus. “O paciente passa a ter um controle rigoroso das duas doenças, dada a possibilidade do novo coronavírus em desenvolver trombos”

Segundo o especialista, o desenvolvimento de doenças vasculares está relacionado, principalmente, ao histórico familiar, além de hábitos como alimentação, tabagismo, sedentarismo e o controle rigoroso de morbidades como diabete e hipertensão arterial.