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Cartórios brasileiros registram mais de 1.000% no aumento de mortes por síndrome respiratória

A plataforma COVID Registral, lançada na semana passada pelo Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil, apontou um aumento de 1.012% no número de mortes
por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) desde o registro do primeiro óbito por COVID-19 no Brasil, em 16 de março deste ano.

O portal, que até à tarde desta quinta-feira (30), contabilizava 6.088 mortes suspeitas ou confirmadas por COVID-19 passou também a contabilizar, além da causa pelo novo coronavírus, registros de óbitos por SRAG, pneumonia, septicemia, insuficiência respiratória e causas indeterminadas, possibilitando ainda a comparação com o total de óbitos por razões naturais registrados pelos cartórios em todo o Brasil.

Entre os estados que mais contabilizaram crescimento no número de mortes por SRAG, Pernambuco apresentou alta de 6.357% no período da pandemia, seguido por Amazonas com aumento 4.050%, Rio de Janeiro com 2.500% e Ceará, com alta de 1.666%. O estado de São Paulo também registrou aumento (866%). Também chama atenção o número de mortes por causa indeterminada no Rio de Janeiro desde o início da pandemia, que registra aumento de 8.533% em comparação com 2019.

Os índices de 2020 de Minas Gerais, até o momento, não superaram os do ano passado, segundo pesquisa realizada no portal. Entretanto, quando o recorte é feito em Belo Horizonte, o número de mortes, pelas causas registradas no COVID Registral, saltou de 1.485 para 1.658. Na categoria SRAG, por exemplo, em 2019, não foi registrada nenhuma
morte na capital. Já em 2020, os dados mostram que já foram computados 24 óbitos pela síndrome respiratória. As mortes na capital deste ano por pneumonia também já superam os dados de 2019, sendo 255 no ano passado e 288 este ano.

“Os dados se mostram úteis para profissionais da área médica de diversos estados e municípios, assim como para toda a sociedade, podendo auxiliar governos na prevenção do avanço da doença entre a população”, explica o vice-presidente da a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Luis Carlos Vendramin.

“Com isso este novo painel busca refinar ainda mais os dados constantes nas Declarações de Óbitos (DO), utilizando uma metodologia própria e a classificação internacional de doenças, de forma a darmos nossa contribuição para que poder público e sociedade conheçam o avanço da doença”, explica.

As estatísticas apresentadas na ferramenta se baseiam nos documentos preenchidos pelos médicos que constataram os falecimentos registrados nos cartórios de todo o país relacionadas à COVID-19. Segundo Vendramin, mesmo a plataforma sendo um retrato fidedigno dos óbitos documentados pelos cartórios, os prazos legais para a realização do registro e para seu posterior envio à Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), regulamentada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), podem fazer com que os números sejam ainda maiores.

“Isto porque a Lei Federal 6.015 prevê um prazo para registro de até 24h do falecimento, podendo ser expandido para até 15 dias em alguns casos, enquanto a norma do CNJ diz que os cartórios devem enviar seus dados à Central Nacional em até oito dias após a efetuação do óbito. Portanto, o portal é atualizado dinamicamente”, acrescenta
Vendramin.

36,6% não teme coronavírus
Apesar de o Brasil ter passado a integrar a triste lista dos 10 países que mais registram vítimas de COVID-19, segundo levantamento do site Worldometers, uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas apontou que 36,6% da população brasileira não teme ser infectada pelo novo coronavírus. O maior índice (49,1%) está entre cidadãos
de 16 a 24 anos.

Os maiores de 60 anos, contudo, seguem o caminho inverso: 75,2% expressam receio de
contrair a COVID-19. Ainda de acordo com os dados, 38,3% dos homens dizem não ter medo do diagnóstico positivo para a doença. As mulheres, por sua vez, representam 35,1%.