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Superação e recomeço: Volta Internacional da Pampulha vai além da competição

Belo Horizonte recebe a 21ª Volta Internacional da Pampulha no próximo dia 8 de dezembro. Em razão do término do horário de verão e da realização de um jogo do Campeonato Brasileiro de Futebol, a prova começa mais cedo, a partir de 6h50, permitindo que os atletas participantes corram em uma temperatura mais amena. A competição é um marco para o estado e recebe participantes do mundo todo, projetando Minas Gerais internacionalmente.

Mas, um outro lado da corrida tem ganhado força nos últimos anos: a prova se tornou palco para histórias de superação e recomeço. Como é o caso da corretora de imóveis Laurinda Vieira. “Comecei a correr motivada pela minha filha. Era obesa, pesava 100 kg e quando ela conseguiu me convencer acabei perdendo 40 kg no processo de preparação. Porém, um ano depois que começamos a competir, me divorciei e o momento foi um trauma grande na nossa vida. Precisei parar o esporte várias vezes, mas decidi recomeçar e queria fazer isso na Pampulha”.

Ela recorda como foi a competição no ano em que decidiu recomeçar. “Fui junto com a minha filha. Nós sempre começamos as provas ao mesmo tempo e terminamos separadas, visto que ela vai para competir. Nessa época, por causa do divórcio, ela estava desenvolvendo alguns problemas emocionais, mas ainda assim fomos correr. Ela queria me apoiar. Lembro que estava bem atrás dela e quando cheguei no décimo quilômetro a vi sentada no chão, pois estava passando mal. Na hora quis parar a prova, mas ela não deixou e insistiu para eu continuar. Me certifiquei que ela estava com pessoas confiáveis e segui com o coração na mão”.

Laurinda relembra que o médico que havia atendido sua filha passou por ela, durante a prova, e avisou que estava tudo bem. “Isso me tranquilizou e concluí a prova. Ela também continuou, porque o nosso combinado era recomeçar e foi o que fizemos”.

A prova foi cheia de significados. “Eu saí da vida de opressão, sofrimento e obesidade para uma vida nova, com saúde, liberdade e companheirismo. Terminar a competição nesse dia foi um renascimento, um divisor de águas. O esporte cura e nos ajuda a renovar”.

A psicóloga Karla Moreira vai marcar presença na 21ª edição da prova com dois objetivos: superar seus limites e realizar um sonho. Para isso, ela vem de Luz, cidade que fica no Centro-Oeste de Minas Gerais. “Estou em treinamento há 2 anos, nesse tempo, participei de provas com níveis mais fáceis. Aqui, onde moro, não tem corridas, por isso, sempre vou a Belo Horizonte competir”.

Sua relação com a corrida começou da vontade de praticar algum esporte. “Correr é prático, posso fazer meus horários e, além disso, tem algo que adoro, que é traçar uma meta e cumprir, isso me inspira”.

Competindo pela primeira vez na Pampulha, a preparação tem sido diária. “Eu e minha colega, inclusive, estamos inspirando outras pessoas a começar. Quando comecei, não chegava a 200 metros. Não sou muito veloz, mas saber que vou passar pela pista de 18 km me deixa satisfeita. Vai ser meu presente de 40 anos. A gente acha que, ao envelhecer, a vida vai ficando chata, mas pra mim não. Vou me renovar e me superar com essa prova. A palavra que rege essa competição é realização”.

O presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Luiz Carlos Gomes, aponta que as corridas têm ganhado cada vez mais espaço em Belo Horizonte. “Atualmente, existem várias iniciativas voltadas para esse esporte na cidade e que partem, inclusive, de empresas particulares e até do poder público”.

Para ele, isso acontece porque as corridas vão além de um evento esportivo. “É saudável participar, o ambiente é familiar, uns vão competir por esporte, outros por diversão e, no fim, o evento fica a cara do mineiro: um momento de estar com quem a gente ama”.

Ele elucida a importância da Volta Internacional da Pampulha para o estado. “Projeta Minas Gerais para o mundo todo. Milhares de pessoas, do mundo todo, vêm competir. Já estive presente em várias edições e é tudo extraordinário, primeiro porque o visual da prova é lindo, acontece no nosso principal cartão postal, e segundo, porque é essa mistura de pessoas, de todas as idades, lugares e estilo”.