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Apesar de raro, câncer de mama também pode atingir adolescentes

O diagnóstico do câncer de mama não é fácil para nenhuma mulher, imagine então para uma adolescente de apenas 17 anos. Pois é essa a realidade de Poliana Barros, 17. Ela conta que descobriu o nódulo há poucos meses, passando a mão no seio. “Minha filha estava prestes a fazer 1 ano quando percebi que havia um caroço grande na mama esquerda. Algum tempo depois, fiz um ultrassom e me pediram para conversar com o ginecologista, pois havia a possibilidade de ser um câncer”.

Após exames, constatou-se que o caroço tinha 11 centímetros e foi necessária uma cirurgia de urgência para retirá-lo. “Passei pela intervenção cirúrgica no dia 22 de agosto, já fiz 22 sessões de quimioterapia e ainda preciso fazer mais 25 de radioterapia”.

Quando questionada se ficou com medo ao ser diagnosticada com a doença, a adolescente afirmou que apenas se assustou com a notícia, pois estava acostumada a ver matérias na televisão falando que o câncer de mama atinge, com frequência, mulheres mais velhas. “Aceitei com tranquilidade e quero apenas me tratar para ficar boa logo”.

E é com esse mesmo otimismo que Poliana está encarando a perda do cabelo e de uma mama. “No começo fiquei mais ou menos, mas resolvi raspar a cabeça e até sugeri para o médico que tirasse também um pouco do seio direito, pois o acho muito grande”, brincou.

Porém, o câncer de mama, além da perda do cabelo e do seio, também trouxe um outro dano que pode ser tão grave quanto: o afastamento escolar. “Não vou à escola desde que ganhei a minha filha e ia voltar no começo deste ano, porém a minha mãe não deixou, pois ficou com medo que eu sofresse bullying dos meus colegas. Mas, quando eu ficar boa, volto com tudo”.

Raridade
O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica, Cláudio Galvão, disse que casos como o de Poliana é raro tanto no Brasil quanto no mundo. “Para se ter uma ideia, trabalho na área há 25 anos e nunca me deparei com adolescentes com câncer de mama”.

O médico diz que essa mutação pode aparecer, principalmente, se há ocorrências da doença na família. “Aconselhamos as meninas a irem ao ginecologista após a primeira menstruação e, se há histórico familiar, recomenda-se falar com o médico sobre isso, pois ele terá uma atenção maior nesse sentido”.

Em relação aos sintomas, Galvão afirma que são os mesmos presentes em uma mulher mais velha, como nódulo na mama, secreção com sangue pelo mamilo e mudanças na forma ou textura do mamilo ou da mama. “Não há campanhas de prevenção de câncer de mama para adolescentes, pois a preocupação em relação à essa doença começa depois dos 25 ou 30 anos, mesmo quando há o elemento hereditário. Por isso reforço ainda mais a importância de ir ao ginecologista logo cedo”.

Relação com a escola
Além da relação entre paciente e médico, há um outro fator que pode interferir nesse processo: a escola. Galvão esclarece que o afastamento escolar varia de cada caso, mas que sempre há o cuidado para que isso não aconteça. “Dependendo de como o nódulo está e como será o tratamento, isso será inevitável, todavia, isso é analisado individualmente com cada paciente”.

Já sobre a postura da escola, a psicopedagoga Aparecida Nicolai diz que a instituição deve criar um ambiente agradável para que o adolescente passe por esse momento difícil da melhor maneira possível. “O colégio precisa dar apoio para que esse aluno se sinta importante e especial. Por isso, recomendamos que as professoras sejam transparentes e expliquem o que está acontecendo. Aqui, onde trabalho, temos o costume de pedir para os amigos de sala escreverem cartas com frases positivas e desejando coisas boas”, finaliza.