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Asma mata de 3 a 6 pessoas por dia no país

Tosse, falta de ar e pressão no peito são os principais sintomas da asma, doença crônica que é caracterizada por uma inflamação das vias aéreas. A patologia é mais comum do que a gente pensa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas convivem com o problema em todo o mundo, destes, 20 milhões são brasileiros.

A doença é a quarta maior causa de hospitalização no Brasil e é responsável por 100 milhões de internações no Sistema Único de Saúde (SUS). A asma mata de 3 a 6 pessoas diariamente no país. O sexo feminino é o mais atingido.
A pneumologista Ângela Pedrosa explica que a inflamação está associada à hiperresponsividade (aumento da sensibilidade que ocorre nos brônquios dos pacientes) das vias aéreas e que leva a episódio recorrente de sibilos (ruído), falta de ar, pressão no peito e tosse, principalmente, à noite e no início da manhã.

“Esses episódios são uma consequência da obstrução do fluxo aéreo intrapulmonar generalizado que pode ser reversível espontaneamente ou com tratamento. Os sintomas são decorrentes da inflamação dos brônquios. Com o estreitamento e o espasmo, o corpo inicia uma maior produção de muco e isso vai obstruir a luz do brônquio, gerando um edema e fazendo surgir esses sinais”, explica.

De acordo com Ângela , alguns hábitos e sazonalidades do dia a dia podem desencadear a doença. “O tabagismo, distúrbios emocionais e a atopia (tendência a já ter alergias). Além disso, irritantes específicos, como fumaças, odores fortes e alergênicos como fungos, ácaros e pólens. O clima seco e frio também pode ser um gatilho para os processos inflamatórios e uma maior reatividade dos brônquios”.

A patologia pode se desencadear em níveis leves, moderados e graves. “No Brasil, 2 mil pessoas morrem por ano de asma. Por ser uma doença crônica, o tratamento é contínuo. Por isso, há um processo de agressão e reparo, que leva a alterações estruturais e irreversíveis. Quanto mais grave ela for, mais perda da função pulmonar, ao longo dos anos, a pessoa pode ter”.

O paciente precisa criar hábitos e aprender a conviver com a asma. “Controlar a limpeza do ambiente, reduzir o peso, fazer atividade física e aderir ao tratamento correto, além de usar os remédios. Tem aqueles de resgate das crises e as medicações de controle, que são à base de corticoide. Por fim, é preciso usar corretamente as bombinhas e os outros dispositivos”.

A engenheira química Bianca Silva lida com a asma desde a infância. Ela conta que seus pais sempre se preocuparam, pois o problema foi descoberto após uma crise. “Não conseguia respirar direito e não sabia explicar como me sentia. Teve um dia que os sintomas vieram de forma incontrolável, fui parar no hospital e depois encaminhada ao pneumologista”.

Bianca recorda de um descuido na adolescência que a fez ter uma crise grave. “A quadra da escola, onde estudava, estava em reforma e a gente fazia a aula de educação física em um espaço alugado a 5 quarteirões. Nesse dia, fui correndo na frente com as minhas amigas, fiquei sem ar, comecei a ter uma crise assim que chegamos e caí no chão. As pessoas tentaram me acalmar pra achar a bombinha, mas ela tinha ficado na escola. Meu professor ligou para o Samu, eles passaram algumas instruções pelo telefone e mandaram uma ambulância. Tudo isso durou alguns minutos, mas, para quem estava sem ar, pareceu ser uma eternidade. É horrível ver todo mundo querendo te ajudar, mas ninguém poder fazer nada”.