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Entre 2018 e 2019, estima-se mais de 10 mil novos casos de linfoma

Aids, sarna e até foliculite. Esses foram os diagnósticos que a professora Simone Galeano, 39 anos, recebeu durante os 2 anos em que lutou contra o linfoma de Hodgkin sem saber que tinha a doença. Tudo começou com uma coceira na perna. “Eu me coçava a ponto de deixar marcas na pele. Além disso, perdi peso de maneira rápida, não tinha apetite e sentia fraqueza. Passei por vários médicos que me deram inúmeros diagnósticos que não faziam sentido”.

Ela conta que as pessoas também atribuíam o quadro instável de sua saúde às pressões para passar no vestibular. “Descobri que tinha o linfoma depois de uma viagem para Gramado com a minha família. Na ocasião, uma íngua (caroço) no pescoço explodiu e eu fui parar no hospital achando que era caxumba”.

Após exames, descobriu-se que, na verdade, ela estava sendo acometida pelo linfoma de Hodgkin durante todo esse tempo. “Por estar em um estágio mais avançado, nem a quimioterapia e radioterapia conseguiriam eliminar a doença. Por isso, tive que fazer um transplante de medula óssea autólogo (quando o procedimento é feito com o material do próprio tecido celular do paciente)”.

Atualmente, Simone está bem. “Engravidei mesmo com todos os médicos dizendo que, depois de tudo que passei, nunca poderia ter filhos”.

Assim como ela, a doença atinge várias pessoas. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, estimam-se 5.370 novos casos de linfoma não-Hodgkin para o sexo masculino e 4.810 para o sexo feminino a cada ano do biênio 2018/2019. A patologia é a 11ª neoplasia mais frequente entre todos os cânceres, que correspondem a um risco estimado de 5,19 novos casos a cada 100 mil homens, e 4,55 para cada 100 mil mulheres.

Ademais, o mal ganhou grande notoriedade nacional após os atores Edson Celulari e Reynaldo Gianecchini, além da ex-presidente Dilma Rousseff, serem diagnosticados com a doença. “Ele é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo”, explica o hematologista do Hospital Felício Rocho, Guilherme Muzzi.

O médico explica que existem dois tipos, o linfoma de não-Hodgkin e o linfoma de Hodgkin, sendo que a diferença entre eles é a ausência ou presença de uma célula, respectivamente. “Essa doença pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum entre 50 e 65 anos para o linfoma não-Hodgkin e para o linfoma de Hodgkin, existem 2 picos de incidência maior, sendo o primeiro de 20 a 30 anos e o segundo entre 50 e 60 anos”.

Assim como qualquer câncer, o diagnóstico precoce possibilita melhores resultados no tratamento, que deve ser feito com quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea autólogo. “Sinais e sintomas como o aparecimento de um ou mais caroços (ínguas) sob a pele, geralmente indolor, principalmente no pescoço, virilha ou axilas; febre e suores noturnos; cansaço e perda de peso sem motivo aparente; e coceira na pele podem indicar a presença de linfoma. Além disso, é importante reiterar que 90% dos casos que são reconhecidos no estágio inicial da doença possuem grandes chances de cura”.

Ainda não se sabe o que desencadeia a doença, por isso, não há como preveni-la, mas o especialista recomenda hábitos saudáveis. “Não fumar, ter uma alimentação balanceada e fazer exercícios físicos são práticas fundamentais para diminuir as chances de desenvolver um câncer”, finaliza.