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Até 2050 casos de demência vão triplicar e atingir 152 milhões de pessoas, diz OMS

A população mundial está envelhecendo, por consequência disso, a demência tem se tornado um dos principais desafios da saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 50 milhões de pessoas convivam com o quadro em todo o mundo e que, a cada ano, 10 milhões de novos casos sejam registrados. Além disso, até 2050, o número pode triplicar e chegar a 152 milhões de pessoas.

No Brasil, a patologia já atinge 1,2 milhão de pessoas e, segundo o médico neurologista do hospital Lifecenter Rafael Mattos Tavares, a principal causa do aumento de casos é o envelhecimento populacional. “O que ocorre é que o acúmulo de alterações patológicas no cérebro vai aumentando com o passar dos anos, principalmente, pela manutenção dos fatores de risco”.

Ele explica que demência é a perda ou redução significativa da capacidade de realizar atividades cotidianas, como fazer compras ou até mesmo interagir com as pessoas. “Acontece por diversas causas, entre elas o AVC e a Doença de Alzheimer (DA)”, acrescenta.

Atualmente, a DA é o tipo mais comum da demência e representa entre 60 e 70% das ocorrências. “Ela é caracterizada pelo acúmulo anormal de determinados tipos de proteínas em regiões específicas do cérebro. Nos casos típicos, inicia-se com alterações na memória, evoluindo para o comprometimento progressivo também de outras funções cognitivas. Mas há episódios atípicos e outros mais raros de início precoce com herança genética”.

O especialista informa que alguns fatores de risco estão associados ao nosso estilo de vida. “A hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão, sedentarismo, entre outros, são quadros que fomentam as alterações patológicas no nosso cérebro”.

Não existe cura para a demência, mas, algumas práticas podem inibir o surgimento ou sua progressão. A OMS tem promovido a ideia de uma dieta saudável e da prática regular de exercícios. Para obter os benefícios, é recomendado 300 minutos de exercícios aeróbico moderado e semanais ou 150 minutos de atividades de alta intensidade – ou uma combinação entre práticas aeróbicas e de intensidade moderada e alta.

A OMS determina ainda a adoção de políticas públicas para o combate do fumo, obesidade, hipertensão, diabetes e o consumo de álcool, visto que essas práticas podem ser um agravante.

Um estudo divulgado pela Associação Internacional de Alzheimer descobriu que combinar alguns hábitos de vida pode reduzir em até 60% o risco de desenvolvimento da demência, como abandonar a carne vermelha; fazer caminhadas intensas pelo bairro; preencher palavras-cruzadas; abandonar o cigarro; reduzir o álcool a apenas uma taça de vinho no jantar.

O neurologista corrobora dizendo que é preciso adotar hábitos saudáveis como manter bons laços sociais, estudos, leitura, atividade física, alimentação balanceada e dormir bem”.

Sintomas

A pessoa deve se atentar a perda de memória, dificuldade para se comunicar, com tarefas complexas, com planejamento e organização, com funções motoras e de coordenação, desorientação, alterações de personalidade, incapacidade de estabelecer razão, comportamento inadequado, paranoia, agitação e alucinações.

Envelhecendo com saúde
O passar do tempo não assusta o advogado aposentado Willian Custódio. Aos 86 anos, ele vive uma vida tranquila e tem esbanjado saúde. O segredo? Planejamento. “A vida passa e queria chegar à velhice lúcido. Desde a juventude, vou ao médico com frequência, faço os exames necessários e me cuido”.

A alimentação saudável e a prática de exercícios físicos entraram para a rotina aos 29 anos e não saíram mais. “Quando mais jovem, participava de corridas, fazia musculação e algumas trilhas de bicicleta. Hoje, faço hidroginástica e exercícios compatíveis com a minha idade na academia”.

Outra coisa que Custódio julga ter feito a diferença foi a leitura. “Sempre coloquei o cérebro para trabalhar. Leio um livro por mês, de qualquer assunto. É um hábito que não abandono. Hoje, minhas netas me emprestam alguns exemplares, a gente se desafia a ler e eu vou fazendo elas pegarem gosto pela leitura”.

O advogado afirma que aproveitou a vida e que, hoje, consegue desfrutar da família. “Reconheço todo mundo e tenho assunto com eles. Isso é algo especial e importante para mim. Não custa nada a gente se cuidar com carinho para, no futuro, não sofrermos as consequências”, conclui.