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Mal súbito é sintoma que precisa ser investigado

O modelo mineiro Tales Cotta, de 26 anos, o ciclista Paulo Roberto Nascimento, de 37 anos e o atleta Wesley Ponciano, de 21 anos, morreram na semana passada após um mal súbito. Nos três casos, as causas das mortes ainda não foram determinadas. Mas, afinal o que é um mal súbito? É possível evitá-lo? Como socorrer uma pessoa desmaiada?

O mal súbito não é uma doença, mas um sintoma. “As causas neurológicas ou cardiológicas que provocam essas circunstâncias são variadas”, explica Fidel Meira, neurologista do Hospital Madre Teresa. “Já a morte súbita é precedida de uma parada cardiorrespiratória”, diferencia Augusto Vilela, cardiologista da Rede Mater Dei de Saúde e do Hospital Belo Horizonte. “De um modo geral, tontura, palpitação, dor no peito, mal-estar, desconforto torácico, falta de ar, fraqueza e sensação de desmaio precedem um mal súbito”, esclarece Vilela.

As causas podem ser simples ou graves e vão de queda de pressão em um dia quente ao rompimento de um aneurisma. “Em 90% dos casos, os mal súbitos são desencadeados por arritmia cardíaca, que são batimentos irregulares do coração”, explica Vilela. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, mais de 300 mil pessoas têm morte súbita todos os anos no Brasil. O cardiologista acrescenta que infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e embolia pulmonar são algumas das principais doenças associadas ao mal súbito. “Essas três enfermidades podem ou não darem sinais”.

Os sintomas vão depender das causas. “Na síncope (perda de consciência provisória devido à queda da pressão arterial), a pessoa sente tonturas, sudorese antes de desmaiar e as vistas escurecem. Após um tempo descansando e quieta, ela volta ao normal”, explica Meira.

Ainda segundo o neurologista, no caso de perda de consciência devido à crise epiléptica pode não haver aviso algum. “Porém, sintomas como sensação de desconforto na boca do estômago e déjà vu (sensação de estar vivendo uma situação que já aconteceu) já foram relatados”. Uma doença neurológica grave que também pode provocar uma perda de consciência instantânea é a hemorragia subaracnoide (aneurisma cerebral).

“Na maioria das vezes, começa com uma dor de cabeça em trovoada (porque já começa muito forte) seguida de um sangramento importante. Quando a pessoa tem a dor de cabeça, mas passa, sem o sangramento ainda, é chamado de cefaleia sentinela (no sentido de “vigilância”, pois algo está por vir)”. Segundo o neurologista, apesar da taxa de mortalidade alta, há casos de pessoas que sobrevivem ao rompimento de um aneurisma sem sequelas.

É possível evitar?
É difícil precisar, mas consultas de rotinas e um estilo de vida mais saudável, são as principais dicas dos médicos. “Uma alimentação saudável, evitar o consumo de cigarro, bebida alcoólica, fazer atividade física regular e, antes, consultar com o médico se está apto para começar”, orienta Meira.

“Se a pessoa tiver qualquer sintoma diferente no organismo, como palpitações, desconforto torácico, falta de ar ou uma dor de cabeça diferente, precisa procurar um médico imediatamente para descobrir o porquê”, alerta Vilela.

Como prestar socorro
A primeira atitude para socorrer alguém que perdeu a consciência é chamar ajuda profissional. Ligue para o Samu e reporte os sinais para que o atendente ofereça o suporte adequado. “Ela está respirando? O coração está batendo?” são algumas das perguntas que podem ser feitas pelo serviço de emergência. “Se a pessoa não estiver respirando é indicado iniciar manobra de ressuscitação cardíaca até chegar o profissional especializado”, afirma o cardiologista. Se a pessoa recobrar a consciência em poucos segundos, mantenha-a deitada por alguns minutos.

Em casos de crise convulsiva, a orientação é posicionar a pessoa deitada de lado e proteger sua cabeça. “Aquela atitude de colocar o dedo na boca da pessoa para puxar a língua, normalmente, tem chance de resultar em ferimento para o paciente e para a pessoa que está ajudando”, explica o neurologista.

Depois do susto
Após o episódio, a pessoa deve ser avaliada por um médico para que a investigação da causa comece a ser realizada. “Principalmente, se ela nunca teve um quadro de desmaio antes, se aconteceu após atividade física ou se depois de se recuperar, a pessoa apresentou déficit neurológico, como a fala embolada, dificuldade de enxergar ou de movimentar uma parte do corpo”, conclui Meira.