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26 milhões de pessoas sofrem de fobia social no país

Não é novidade que os transtornos mentais têm assolado cada vez mais a população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o Brasil seja o país mais ansioso e estressado da América Latina. Uma das vertentes desse tipo de quadro é o transtorno de ansiedade social, popularmente conhecido como fobia social. Ele já acomete cerca de 13% dos brasileiros, totalizando 26 milhões de pessoas. Os dados são do Congresso Brasileiro de Psiquiatria.

O psiquiatra Sebastião Arli diferencia a fobia social dos outros transtornos. “A base do diagnóstico é ter medo ou ansiedade excessivos acerca de situações em que o indivíduo é exposto a avaliação de terceiros, como manter uma conversa, apresentar um trabalho, encontrar familiares, comer em lugar público, etc. Por isso, ele tenta se esquivar devido ao desconforto, o que pode prejudicar sua vida pessoal, acadêmica e profissional”.

A estudante Dieniffer Sousa sabe bem o que é isso. Seu primeiro emprego foi na recepção de um grande hospital e ela vivia nervosa. “A princípio achei que fosse pelo ambiente em si, doentes indo e vindo e pessoas estressadas o tempo inteiro. Eu ficava transtornada e, depois de um tempo, decidi sair”.

No entanto, ela percebeu que o problema era maior ao começar o curso de publicidade e propaganda. “Sempre temos trabalho para apresentar e eu não consigo. Fico muito nervosa, tremo, me dá vontade de chorar, falta de ar e branco total. Juro que me esforço, leio o conteúdo e treino em casa, mas com a sala toda me olhando, não vai”.

No terceiro período, um professor chamou sua atenção a respeito da dificuldade. “Ele foi um querido, disse que deveria procurar ajuda profissional, afinal a profissão que escolhi lida com o público diariamente. Busquei auxílio e constatei que tenho um problema, porém ele pode ser tratável”.

Com a terapia, ela observou que sua fobia já havia dado sinais. “Evito sair e achava que fosse por ser caseira, mas, agora, entendo que não. A verdade é que não faço por receio, medo e sensação de estar sendo vigiada o tempo todo. É sufocante. Fico me enganando em casa, vendo um filme e quieta na minha. Sempre fui assim”.

Timidez X Fobia

O psiquiatra esclarece que o quadro pode ser confundido com timidez. “Quando a pessoa é mais reservada e precisa apresentar um trabalho, fica sem jeito, mas vai. Se está interessado em alguém, hesita um pouco, mas chega. Não se priva de nada. Na fobia social, ela trava e tudo vira um grande sofrimento”.

Ele acrescenta que não existem hábitos causadores da doença, entretanto é possível preveni-la. “O transtorno surge sem a gente esperar, nada que façamos desencadeia o mal, porém uma vida saudável, a prática de exercícios físicos, metas de vida, se sentir útil e ter a sensação de estar construindo algo auxiliam. Ficar perto de quem a gente ama e longe de problemas também ajuda na prevenção”.

Diferente do que muitos pensam, a internet não é, necessariamente, ruim. “Quem tem ansiedade social recorre muito a ela, porque a web pode até se tornar um escape. Às vezes, a comunicação a distância é a única coisa que a pessoa tem”.

Tratamento

O tratamento é multidisciplinar. “As pessoas vão direto ao psiquiatra ou ao psicólogo. O tratamento é feito com base na psicoterapia e com o auxílio de alguns psicofármacos que são seguros e a base de antidepressivos”.

Arli adiciona que a medicação auxilia no desconforto físico. “Elas não viciam e não causam dependência. Os resultados são muito positivos e é importante que o paciente busque essa ajuda, porque isso fará toda a diferença no dia”.