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Bolsa sobe 15%, mas só 43% dos fundos rendem acima da Ibovespa

O mercado de ações é uma verdadeira montanha-russa. Em 2018, a Bolsa subiu 15%, mas o crescimento se deu mediante a muitas curvas e incertezas: greve dos caminhoneiros, cenário externo e, principalmente, o período eleitoral, contribuíram para a volatilidade do setor.

Essa incerteza transpareceu no fato de que apenas 43% dos fundos de ações renderam acima do Ibovespa – principal índice de ações brasileiro. O especialista em finanças e fundador da Financier Academy Gilvan Bueno diz que alguns acontecimentos vão surgindo e mudando o mercado, como a atividade econômica, desemprego, comércio e indústria se recuperando.

Ele acrescenta que o consumo vem subindo no Brasil, mas que ainda assim o índice de desemprego está em alta. “O que está alavancando os investimentos é a expectativa da Reforma da Previdência. A alta é mais pela perspectiva do que pelos fundamentos”.

E no meio disso tudo, a pergunta que não quer calar é: será que vale a pena investir? Bueno explica que, em longo prazo, os estudos mostram que o ganho do mercado de ações em um cenário otimista foi muito maior do que o de renda fixa, pois pode oferecer um valor maior do que a taxa de mercado e poupança.

Porém, isso é incerto e requer atenção. “Algo repentino pode mudar o comportamento da empresa. O que houve com a Vale é um exemplo disso. A empresa caiu R$ 72 bilhões em valor de mercado, 24% em um dia. Por isso, é preciso um planejamento”.

O ideal é que a pessoa invista apenas uma parcela de seu patrimônio, nunca o valor total, justamente pela imprevisibilidade. “É algo que não é controlável, dessa forma é preciso ter uma pequena parcela e o que chamamos de diversificação, ou seja, não colocar todos os ovos numa mesma cesta”.

Quero investir?

Bueno esclarece que existe dois caminhos para investir na Bolsa de Valores. “O primeiro é tomando a decisão e realizando a escolha dos ativos. Para isso, é preciso fazer uma conta em uma corredora e ter acesso ao home broker – plataforma online de compra e venda de ações. A outra é fazer isso pelos fundos de investimentos, que são condomínios no qual as pessoas se reúnem – isso é bastante comercializado nos bancos e também em corretoras independentes. Em resumo, ou você compra diretamente ou contrata um fundo para selecionar os melhores ativos”.

O valor para investimento varia. “Se for por fundo, a pessoa pode investir com ações a partir de R$ 100, se for comprando as ações diretamente, um lote mínimo pode estar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Quando se compra diretamente, é possível que haja corretagens e elas podem aumentar os custos, enquanto que no fundo, você só tem a caixa de administração”.

Virei sócio

Quando uma pessoa adquire uma ação, ela se torna sócia da empresa. “A companhia tem pequenas frações no mercado secundário e quando se adquire, você passa a ter direito a elas. Existem dois tipos: as ordinárias que dão direito a voto; e as preferenciais, que é quem tem preferência no caso da falência”.

Segundo Bueno, esse valor investido vai para outro detentor. “É como uma troca e à medida que o valor vai aumentando, seu patrimônio cresce. Essa é a mágica do mercado, o valor sobe e a empresa ganha mais confiança e, consequentemente, aumenta seu lucro. Depois ela devolve isso para seus acionistas”.

Contudo, o especialista faz um alerta: “É preciso continuar de olho nos lucros, porque algumas pessoas saem da empresa quando ela passa a não oferecer rentabilidade ou quando a concorrência aumenta. Existem casos de companhias que dominavam o mercado e, hoje, passam por prejuízos, como Saraiva, Cielo e Kodak”.

No entanto, ele assegura que quando a empresa é forte, tem bons fundamentos e baixo endividamento, é uma oportunidade. “Se ela tem valor de mercado, participação, estratégias e diversificação mundial, é vantajoso ser sócio em longo prazo”.

O mercado de ações, conforme conclui o especialista, dá a oportunidade de viver um outro tipo de rentabilidade. “Ele tende a superar a poupança, tesouro direto, mas é preciso entender os riscos. O setor vem com tudo porque as taxas caíram e os investidores precisam buscar uma nova rentabilidade”.