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Projeto leva o futebol americano para adolescentes carentes

Conhecido por ser um esporte de elite, principalmente no Brasil – seja pelos equipamentos necessários para a prática serem caros ou pelo fato do acesso aos jogos ser apenas para quem tem assinatura de canais da televisão fechada -, o futebol americano não é mais coisa de rico. Pelo menos essa é a ideia do FA de Favela.

Desenvolvido pelo jogador do América Locomotiva, Adam Araújo (conhecido como Sargento), o projeto acontece no bairro São Paulo, região Nordeste de Belo Horizonte, em um campo de terra. Ele conta que a ideia de levar o futebol americano para os adolescentes do local estava no papel desde 2015.

“Eu queria que os jovens da periferia tivessem acesso a esporte que, para eles, não é fácil. Além disso, pensando no futuro, não existe ninguém com mais garra, ambição e forte do que o favelado, pois eles estão sempre contornando as adversidades. E nada melhor do que essas características para um jogador dessa modalidade”.

Morador do bairro, Araújo conta que o nome é um trocadilho, pois junta o ‘FA’ de futebol americano e as iniciais de favela. “Apresentando a filosofia desse esporte, que requer muita disciplina e dedicação, pode ser uma forma de mudar o pensamento desse jovem. O esporte mudou a minha vida e quero que o mesmo aconteça com eles”.

Atualmente, o projeto acontece no Campo do Popular (Praça Associação Atlética Popular), das 10h a 12h todos os sábados e atende meninos de 12 a 18 anos, mas a ideia para o ano que vem é abrir espaço para as meninas. “Tem 4 meses que o projeto começou e já estamos atendendo 12 jovens. Queremos aumentar esse número”.

Para treinar com o Adam é simples, basta comparecer no horário marcado aos sábados. Apesar de ter pouco tempo, o FA de Favela já é conhecido nacionalmente, tanto que a NFL Brasil fez matéria sobre o projeto e a iniciativa rendeu para o idealizador ingressos para ver o Super Bowl, em Atlanta.

Mudança de vida
O auxiliar administrativo Bruno Domingues conta que conheceu o futebol americano por meio do atual presidente do Galo Futebol Americano, Wesley Oliveira. “Ele me conheceu na igreja onde éramos membros e disse que eu tinha porte para o esporte. Comecei a jogar no extinto BH Eagles, mas não fiquei muito tempo. Depois fui para o BH Football, escola de futebol americano do treinador principal do América Locomotiva, o Xandão, e joguei nas categorias de base até o começo do FA de Favela”.

No projeto do Adam, ele viu uma oportunidade para começar a sua carreira como quarterback, o jogador que comanda todo o ataque da equipe. Apesar de ser um esporte coletivo, a principal estrela dos times são os quarterbacks. “Isso mudou muito a minha vida. Perdi quase 20 quilos e me tornei responsável, ainda mais agora jogando nessa posição. Amadureci bastante, saí da vida sedentária e comecei a gostar de liderar e jogar em equipe”, finaliza.