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Melhora no índice de violência não tranquiliza comerciantes da capital

O número de crimes contra os supermercados de Belo Horizonte apresentou redução nos últimos 12 meses. Em 2017, o índice era de 54,4% e, hoje, é de 32,4%, o que totaliza queda de 22% nas ocorrências. Essa é a taxa mais baixa desde 2013. Os dados são da pesquisa de Vitimização do Segmento Supermercadista, realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sincovaga-BH), em parceria com a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).

Mesmo com os apontadores positivos revelados na pesquisa, os comerciantes relatam a sensação de insegurança e, inclusive, estão tomando as próprias medidas para se protegerem. Tanto que o estudo mostra que o investimento em segurança segue em alta e, hoje, representa, em média, até 5% do faturamento de mais de 70% dos comerciantes ouvidos. Nesses casos, os itens mais utilizados são circuito interno de TV (49,5%), alarmes (24%) e trancas nas portas e janelas (7,9%).

Além disso, a violência mudou a rotina de 52,5% dos estabelecimentos. Atualmente, apenas 20,9% deles consideram seguro trabalhar até mais tarde e só 26,8% não se preocupam em manter a loja aberta aos finais de semana. Sendo que 33,3% modificaram o horário de funcionamento do estabelecimento e 12,4% reforçaram a segurança do local.

A empresária Daiana Rodrigues abriu há menos de dois meses um estabelecimento no Vale, região do Barreiro, onde se encontra o maior número de vítimas (66%). Para se precaver, ela decidiu colocar grade de proteção para inibir os assaltantes. “Eles são ladrões, mas quem fica preso somos nós. Não é seguro trabalhar, andar de ônibus, nada. Então, o que podemos fazer, fazemos”.

Mesmo com uma base móvel da polícia próximo ao local, a comerciante não foi poupada pelos criminosos. “Quando o estabelecimento estava fechado, durante a madrugada, tive o refletor de luz roubado. Alguns policiais me disseram que estavam atrás de um motoqueiro que assaltou 20 pessoas em um dia. A violência é frequente”.

Mais uma
Entre as ocorrências deste ano, 68,3% foram assaltos à mão armada a empresários do comércio e, infelizmente, Natália de Oliveira fez parte dessa estatística. “Fui assaltada duas vezes, uma delas à mão armada. Levaram meu celular e o que tinha em caixa. Cogitei até fechar, mas minha renda vem do estabelecimento e está difícil achar emprego. Por isso, optei por colocar grade e câmeras”.

A analista de pesquisa da Fecomércio MG Elisa Castro diz que, hoje, os pequenos furtos são os que mais trazem prejuízo ao comércio. “Mais de 50% dos empresários sofrem com frequência esse tipo de ação. É algo difícil de trabalhar, pois é recorrente e a polícia não consegue deixar a pessoa presa por muito tempo por questões legislativas”.

O alto índice impacta no preço final do produto. “Como prejudica financeiramente os estabelecimentos, o consumidor sente em sua compra, pois o empresário precisa subir o valor para não ficar no vermelho”, conclui.