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Vendas de material de construção devem avançar 6% até o final do ano

Lidar com o entra e sai de profissionais, barulho, poeira por todos os lados, materiais ocupando espaço nos cômodos, sem falar nos gastos com mão de obra. Apesar de todo esse processo desgastante, o brasileiro ainda mantém o desejo de reformar seus imóveis. Uma prova disso é que as vendas de material de construção no varejo cresceram 3% em julho, na comparação com o mês anterior, segundo dados da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). A expectativa é de avançar 6% até o final do ano, o faturamento do setor em 2017 foi de R$ 114,5 bilhões.

De acordo com o presidente da Anamaco, Cláudio Conz, os números poderiam ter sido ainda melhores, porém foram impactados por alguns fatores. “Houve atraso na entrega de produtos básicos como cimento, madeira, argamassa e areia, devido a greve dos caminhoneiros. O aumento no valor do frete não apenas refletiu nos materiais básicos, como também pisos e revestimentos cerâmicos. Por último, tivemos o aumento do dólar, causando impactos nos produtos de pintura e elétricos”, afirma.

Além disso, o desempenho nos dois últimos meses das lojas de material de construção foi prejudicado pelos jogos da Copa do Mundo. “As empresas readequaram seus horários de funcionamento durante as partidas da seleção brasileira para que os funcionários pudessem assistir. Isso também afetou bastante o comércio, como se tivesse tido menos dias úteis”.

Todos esses fatores tiveram como consequência o aumento do preço final dos produtos. Entre abril e julho deste ano, o preço médio dos materiais de construção subiu 6%. “E a previsão é de novos aumentos na tabela do frete, o que vai encarecer ainda mais. Até outubro, o percentual pode chegar a 8,5%. Para quem está pensando em reformar, o que vale é a regra de pesquisar bem, pois os preços podem oscilar de uma loja para outra”, explica.

Ainda de acordo com dados da Anamaco, 40% do setor está pessimista com relação às ações do governo. No entanto, nos últimos meses aumento de 27% para 33% a pretensão dos lojistas fazerem novos investimentos. Já a intenção de contratar novos funcionários no próximo mês passou de 30% para 33%. E cerca de 60% dos lojistas também espera que as vendas no mês de agosto sejam positivas.

Comércio otimista
Para Vanessa Mello, gerente de uma loja de materiais de construção, as vendas na segunda metade do ano sempre aumentam. “Muitos aproveitam o dinheiro do 13º e do PIS para investir em melhorias no próprio imóvel. Esse clima de final de ano também mexe com as pessoas. Elas querem deixar a casa mais bonita ou mudar alguma coisa, nem que seja apenas pintar as paredes. Entre julho e dezembro, o faturamento cresce 20% na comparação com os seis primeiros meses do ano”.

Em outro estabelecimento, especializado em tintas, o proprietário Carlos Miranda diz que o volume de vendas em junho foi afetado pela greve dos caminhoneiros, mas mesmo assim encerrou o mês com números acima do esperado. Ele acredita que o consumidor está mais confiante, apesar do desemprego e dos índices desanimadores da economia. “Eles nunca deixam de comprar, ainda mais quando existem opções de parcelamento. Aqui, na loja, sempre tem alguma promoção e desconto especial. Conseguimos dividir o valor em até 12 vezes, dependendo da mercadoria”.

Reforma à vista
O auxiliar de serviços gerais Bruno Coelho pretende reformar a casa para receber a família durante as festas de final de ano. “Desde o ano passado que estamos planejando colocar azulejo na parede da cozinha, arrumar os dois banheiros e pintar todos os cômodos. Chamamos um profissional para fazer um orçamento e ver os materiais necessários. Aproveitei o 13º para comprar alguns à vista e o restante parcelado. Eu e minha esposa temos juntado dinheiro para pagar a mão de obra. A intenção é de começar o serviço no início do mês que vem”. Ele relata que antes de comprar os materiais realizou uma pesquisa em várias lojas e pela internet. “Também pegamos recomendações de amigos. Estamos fazendo tudo aos poucos para não correr o risco de ficarmos endividados”, afirma.

Quem também vai fazer umas mudanças em casa é o repositor de mercadorias Felipe Dutra. “Meu plano é construir mais um quarto. A parte bruta está pronta desde fevereiro, mas infelizmente o dinheiro acabou e não deu para finalizar”. Ele relata que está concluindo a obra por etapas para não apertar no orçamento. “Tudo subiu de preço nos últimos meses. Recentemente consegui comprar os pisos, porta e janela à vista para aproveitar o desconto da loja. O pedreiro começa o serviço ainda esse mês. Se Deus quiser esse quarto fica pronto até o final do ano”, diz.