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35% das moedas emitidas no país estão fora de circulação

Muitos brasileiros têm o hábito de guardar moedas em cofrinhos, seja para fazer uma viagem, realizar um projeto pessoal ou, até mesmo, o sonho da casa própria. No entanto, a atitude de poupar o dinheiro de metal em casa pode trazer prejuízos para a economia do país. De acordo com o Banco Central (BC), cerca de 35% das moedas emitidas no Brasil desde 1994 estão fora de circulação, o que corresponde a aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Esse fenômeno do entesouramento, que é o armazenamento por longo período de cédulas e moedas, tem afetado o comércio que enfrenta dificuldades para troco, assim como aumentado o gasto público para produzir novas moedas.

Patrícia Lemos, caixa de uma lanchonete, diz que hoje em dia quase todo mundo possui um cartão de débito ou crédito, mas como os preços do estabelecimento são relativamente baixos, o dinheiro ainda é a forma mais utilizada pelos clientes. “A gente passa alguns apertos às vezes para devolver o troco. As moedas que mais faltam aqui são as de R$ 0,05 e R$ 0,10. Sempre temos que perguntar para o cliente se ele não tem uma nota menor ou o valor aproximado para facilitar”, reclama.

Eduardo Ramos é proprietário de uma padaria e também passa pelo mesmo problema. Ele tem apelado para o bom senso dos clientes. “A gente pergunta se ele não tem trocado. Quando não temos troco, tentamos ver em outras lojas próximas, mas nem sempre o pessoal tem. As moedinhas de R$ R$ 0,05 são as que mais faltam. Apenas cerca de 30% dos meus clientes preferem usar cartão”.

Para Kátia Souza, dona de uma loja de presentes, o maior motivo da falta de moedas para troco no comércio é porque as pessoas guardam tudo em cofrinhos. “Tem que estar em algum lugar, dinheiro não some de repente”, brinca a empresária, acrescentando que sente falta das moedas de R$ 1 e das notas de R$ 2. Ela diz que pede aos clientes que tem o hábito de juntar moedas para que façam a troca em seu estabelecimento. “Nós, inclusive, já fizemos uma promoção que dava 5% de desconto para quem pagasse em moedas”.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) alerta que quando o estabelecimento não possuir troco suficiente para devolver ao cliente, deverá reduzir o valor da compra até chegar a uma quantia suficiente para restituir ao consumidor. O lojista nunca poderá elevar o custo. Ainda de acordo com a CDL/BH, não existe regulamentação específica relacionada aos “preços quebrados” nos estabelecimentos. O que vale é a livre iniciativa dos fornecedores na hora de estipular os valores.

Hábito de juntar moedas

Carmem Maria dos Santos, 63, conta que todo ano junta moedas em uma garrafa pet de dois litros. Ao final do ano, o cofre improvisado é aberto e o valor dividido entre seus três netos. “Virou tradição na nossa família. Já faço isso há 3 anos consecutivos. Qualquer moedinha e de qualquer valor eu guardo. Pode ser até de R$ 0,05. Em 2017, conseguimos juntar R$ 820. Para esse ano estamos com a expectativa de chegar a R$ 1 mil. A gente só abre o cofre na véspera do Natal. As crianças ficam esperando ansiosas por esse momento”, diz.

Quem também tem o hábito de juntar uma boa quantia em moedas é o motorista Rodrigo Menezes. Ele explica que guarda apenas as de R$ 0,50 e R$ 1. “Em fevereiro desse ano, eu e minha mulher conseguimos passar uma semana de férias em Porto Seguro. E isso apenas com as moedinhas do cofrinho. Tínhamos esse objetivo a atingir e seguimos firme, juntando desde janeiro de 2016. Na hora de abrir não imaginávamos quanto dinheiro teria. Para nossa surpresa, o valor chegou a R$ 4.852”. A cabeleireira Janaína Menezes conta que levou cerca de 2 horas e meia para contar todo o dinheiro. “Nós separamos as moedas em saquinhos de R$ 100 e trocamos no comércio”.

PRODUÇÃO DE MOEDAS 

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Fonte: Banco Central