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Projeto fotográfico evidencia beleza natural feminina

Os padrões de beleza impostos pela sociedade têm causado diversas consequências, uma delas é a falta de amor próprio. Uma pesquisa realizada por uma empresa de cosméticos revela que no mundo, entre as entrevistadas, apenas 4% das mulheres se sentem seguras o suficiente para se definirem como belas. E entre as brasileiras, o índice sobe para 14%. Outro dado levantado pelo estudo mostra que 59% afirmam sentir uma pressão para ser bonita, mas 72% do total se consideram satisfeitas com a própria beleza, mesmo não se considerando lindas.

Mas o que é ser bonita? O fotógrafo Alex Stoppa, de Belo Horizonte, desenvolveu o Projeto Narciso – que tem o objetivo de evidenciar diferentes formas da beleza feminina, tendo como foco o olhar das mulheres retratadas.

[box title=”Por que Narciso?” bg_color=”#dddddd” align=”center”]Com inspiração na figura de Narciso, personagem da mitologia grega, a ideia é instigar as mulheres a se olharem e encarar os reflexos de suas figuras projetadas no estúdio. E, com isso, levá-las a desenvolverem a mesma admiração e processo de autocontemplação que Narciso tinha ao ver sua imagem refletida nas águas.[/box]

O profissional conta que esse é o segundo ano do projeto que começou por meio de uma inquietação pessoal. “Eu trabalhava com fotografia de moda, então tudo era muito produzido, um padrão de mulher. Quando decidi atuar por conta própria senti que faltava algo. Dessa forma, percebi a questão da imposição do belo e comecei a estudar a fotografia sem a necessidade de maquiagem e produção, ou seja, a beleza nua e crua. Com a entrada da fotógrafa Vanessa Lacerda, essa ação se tornou um projeto”.

Stoppa diz que foram fotografadas 14 mulheres que se candidataram, mas que não sabiam ao certo como seria o processo. “Converso antes de começar a fotografá-las para entender um pouco mais e construir um olhar sobre o ensaio. Nos primeiros 10 minutos, elas ficam assustadas, pois não dou orientação de pose, mas depois elas começam a gostar e flui. Algumas até disseram  que, durante o processo, se sentiram sozinha, ou seja, em contato com elas mesmas. E esse é um ponto importante, pois é o momento em que ela é o centro de tudo”.

As fotos para essa segunda edição começaram a ser feitas em dezembro e foram finalizadas em janeiro. “Cada participante ganhou cerca de 30 fotos. Após cada ensaio eu seleciono as melhores de acordo com olhar e objetivo do projeto. Quero fotografar os mais variados perfis, pois toda mulher pode ser fotografada”.

Exposição
Ainda não há data para a exposição das fotografias, mas o profissional conta que está em processo de planejamento. “O interessante é que as pessoas que participam querem realmente fazer parte, porque a mulher vem de peito aberto e com uma vontade de ser conhecer melhor. É muito bonito, pois o projeto saí completamente desse padrão imposto. Eu trabalho com a mulher real”.

A engenheira eletricista Joana Pereira conta que ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga e decidiu participar. “Conversei com o Alex e com a Vanessa e fui. O padrão de beleza imposto hoje é surreal. O fato de estar ali em uma superfície reflexiva e se ver pode ser chocante e muito forte. Além disso, não há direção nenhuma, o Alex diz apenas que aquele é o seu momento. Dessa forma, as coisas vão fluindo”.

Ela diz que ficou surpresa quando recebeu as fotos. “Quando vi o resultado tive um choque, pois percebi o quanto sou maravilhosa (risos). Essa sou eu mesma? Isso fez um bem para minha autoestima. Com isso, percebemos que o que é considerado defeito pela mídia, na verdade, nos torna quem somos. Cada dobrinha e celulite faz parte e nos deixam ainda mais bonitas”, salienta.

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