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Você é quem gostaria de ser?

Quem nunca idealizou a vida perfeita? Ganhar na loteria, ser famoso, viajar por todo o mundo ou, até mesmo, achar a lâmpada do Aladdin. Pensar neste assunto faz com que reflitamos as mudanças que gostaríamos de ver em nossa vida. O Núcleo Brasileiro de Estágio (Nube) fez um levantamento com jovens de 15 a 26 anos sobre este tema. A pergunta foi: “Se pudesse mudar algo, o que seria?”. O resultado apontou desde necessidades básicas até fatores emocionais.

Cerca de 62% dos jovens trocariam o endereço onde moram. De acordo com a gerente de treinamento do Nube, Yolanda Brandão, isso se deve ao fato da dificuldade de deslocamento que muitos deles tem para ir de casa para o trabalho, escola ou faculdade. “É matar um leão por dia. Nas grandes capitais, a pessoa gasta horas para ir e voltar. Isso gera uma frustração, porque torna algo que deveria ser bom em uma coisa custosa e cansativa”.

A psicóloga Luisa Conrado acrescenta que as questões ambientais podem ser um dificultador para que as pessoas busquem seus sonhos. “Se não houver motivação, eles vão ficando para trás. E isso vem do querer, do desejo. Os nossos limites são o que torna o sonho real. Às vezes, podem nos atrasar um pouco, mas ensina a termos paciência e maturidade para chegar aonde queremos. Temos que usar essas limitações a nosso favor”.

Um outro ponto que gera frustração é a escolha do curso na faculdade. 14% dos jovens disseram ter vontade de mudar a área escolhida. Para evitar isso, a psicóloga explica que o ideal é saber o que se quer. “O autoconhecimento sempre vai ser a chave para toda escolha que fazemos na vida. Quais as minhas motivações? O que eu espero? O que me faça feliz? A atual geração busca realização profissional antes da remuneração”.

O terceiro item em evidência na pesquisa foi em relação as amizades: 13% dos jovens disseram querer fazer novos amigos. Luisa elucida que precisamos entender que todos mudam com o tempo. “Isso é natural e saudável, mas é algo que pode fazer com que certas pessoas fiquem incompatíveis com você. O ideal é entender suas mudanças e as do outro e ver se são conciliáveis. Se forem, ótimo. Se não, seja grato pelo que viveram e deixe ir”.

De maneira mais profunda, 6% dos jovens gostariam de mudar sua identidade e ser outra pessoa. Segundo Yolanda, isso parte do imaginário e do fato da adolescência ser fundamental para a construção do nosso eu. “Os vínculos que estabelecemos, carreira, tudo vai dizer quem somos. Às vezes, a pessoa se frustra com uma dessas questões e entende aquilo como um ataque ao que ele é. E, com isso, quer mudar tudo. A resposta é ser o que podemos e buscar identificar o que nos incomoda. Ocasionalmente não é a vida toda, apenas um ponto dela”.

A psicóloga atribui esse ponto as redes sociais. “Em uma era tecnológica, nós só vemos diversão e conquistas. O problema é que as redes mostram somente um aspecto da nossa vida e não ela como um todo. A vida do outro parece muito fácil e boa de se viver, nós esquecemos que o próximo também deve ter suas frustrações. Isso contribui para alimentar fantasias de uma vida ideal que parece simples e só com momentos bons”.

Mais uma vez, Luisa aponta o autoconhecimento como saída. “É preocupante quando uma pessoa quer ser outra. Isso mostra uma autoestima dilacerada na qual ser qualquer outra coisa é melhor. Temos que conhecer os pontos fortes e os fracos da nossa personalidade, reconhecer o que tem no outro que me faz querer ser ele e trabalhar para o desenvolvimento de uma autoestima pautada na realidade de quem eu sou”.

Por fim, 3,69% dos jovens trocariam de família por não receberem o apoio delas para o sucesso. “A gerente de treinamento explica que, na maioria das vezes, os pais são de outra geração. E isso é um complicador. “Se a gente pensar, antes existiam poucos cursos superiores, hoje têm vários. Muitas vezes, para uma pessoa de uma geração anterior, é difícil entender que a profissão de design de games pode ser tão promissora quanto a de medicina, por exemplo”.

Ela acrescenta que, na maioria das vezes, o jovem ainda não se decidiu e isso faz com que os pais também tenham dúvidas sobre o curso. “Às vezes nem ele se convenceu de que é uma boa área para si. Portanto, o melhor a se fazer é buscar conhecer melhor o curso, a faculdade e o mercado. Entender se é algo válido e então conversar com os pais. Mas sempre lembrar que, quando um pai questiona a profissão que ele quer, não é dele que ele duvida, mas do mercado. Incerteza é normal e diálogo melhora tudo”.


Mudar ou não mudar, eis a questão:

A recepcionista Mariana Araújo, 22, informa que gostaria de mudar bastante coisa em sua vida. “A primeira mudança seria morar fora do Brasil, além disso, também trocaria o curso da faculdade. Hoje, eu faço fisioterapia, mas meu sonho mesmo era cursar medicina. Gostaria de ser rica, porque meu desejo é ter 4 filhos, mas, para isso, precisaria ter melhores condições financeiras das que tenho atualmente”.

Um exemplo concreto dessas reviravoltas que a gente mesmo é capaz de fazer em nossas vidas é contada pela fotógrafa Ane Faria. “Eu estava com 23 anos e trabalhava há um ano e meio como analista de comunicação. Fui cobrir um evento de empreendedorismo e aquilo ficou na minha cabeça, 3 meses depois eu tomei coragem e decidi pedir conta do trabalho para abrir meu estúdio de fotografia. E, agora, já se passaram 3 anos, porém a vontade de mudar continua acesa dentro de mim”, projeta.