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Cresce 46% o número de MEIs que aceitam cartão

Na hora de efetuar o pagamento de algum produto ou serviço você descobre que o estabelecimento não aceita cartões de crédito e débito. Essa é uma daquelas situações que pode tirar qualquer pessoa do sério. Mas uma pesquisa recente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta para uma mudança nesse cenário. Os dados revelam que os Microempreendedores Individuais (MEI) mineiros estão aderindo cada vez mais às formas eletrônicas de pagamento nos últimos anos. Atualmente, 38% aceitam cartão como forma de pagamento. Em 2015, os que adotavam essa modalidade era de 26%.

A pesquisa identificou que a maioria dos MEI, que passaram a aceitar o cartão, sentiram aumento da segurança por ficarem com menos dinheiro em caixa (66%), diminuição da inadimplência (61%), aumento da quantidade de vendas (63%) e da satisfação do cliente (84%). Segundo a analista do Sebrae em Minas Gerais, Paola Zorzin, entre outros benefícios está a facilidade de controle financeiro da empresa.

Existem vantagens também para o cliente de um estabelecimento que aceita o pagamento via cartão. “Uma delas é não ter o valor total da compra limitado à quantia monetária que carrega naquele momento. Também há aumento da flexibilização do pagamento por crédito ou parcelado, no caso de lojas que aceitam cartão de crédito sem ter que pedir para pagar ‘fiado’. Essa flexibilidade no momento da compra era conseguida pelo uso do cheque que, atualmente, foi praticamente substituído pelo cartão”, explica a analista.

A estatística também mostrou que 73% dos MEI afirmaram ter perdido venda quando não aceitavam cartão como meio de pagamento. “É fato que o cartão é cada vez mais utilizado pela população brasileira ao invés do dinheiro, porém é importante que o MEI entenda e conheça as demandas de seus clientes e que, ao aceitar o cartão de forma consciente, contabilize se houve aumento do faturamento em quantidade suficiente para cobrir os custos envolvidos como aluguel ou compra do meio de recebimento, custo da linha telefônica e taxa sobre as vendas”.

Questionada se a recusa de pagamento eletrônico pode acabar com o negócio, Paola salienta que a empresa tende a faturar abaixo do seu potencial e isso compromete seu desempenho. “No entanto, geralmente o fechamento de uma companhia não é consequência de um fator isolado. Além disso, é importante que cada empresa estude seu caso em particular, conhecendo seus clientes e avaliando sua movimentação financeira”, finaliza.

Melhora nos negócios

Josi Mendes é MEI e há 3 anos decidiu abrir a própria empresa de salgados e doces para aniversários. O negócio deu certo e aos poucos foi crescendo. “Comecei fazendo salgados para a família mesmo, festa dos meus filhos e sobrinhos. Todo mundo gostava e eu recebia muitos elogios. Eu fiquei desempregada um tempo e foi nessa época que pensei em começar meu negócio para tentar faturar dinheiro. Pesquisei tudo sobre o assunto e me formalizei como MEI”.

Seu único comercial é o famoso boca a boca. “Hoje, chego a ter no mínimo quatro encomendas por semana. Meu faturamento gira em torno de R$ 4.500 mensais”. Ela conta que a única forma de pagamento era dinheiro, mas há alguns meses passou a receber em cartão de crédito e débito. “Eu percebi que era uma necessidade do meu cliente. Toda vez que eu fazia uma entrega, sempre me perguntavam quando eu teria opção de pagar via cartão”.

Ela afirma que têm diferenças no valor do produto se o pagamento for feito em dinheiro ou no cartão. “Se a pessoa pagar a encomenda à vista no dinheiro dou 5% de desconto. Mas quando é no cartão, não tem essa flexibilidade, devido às taxas que o serviço me cobra. Se for no débito tem o acréscimo de 3% e no crédito 3,9%. Eu divido o valor em no máximo até três vezes”.

Perfil do MEI em Minas Gerais

No Estado existem pouco mais de 820 mil MEI, o que representa 11% do país. A maioria deles possui entre 31 e 40 anos e ensino médio completo. O tempo médio de existência do negócio é de quase 4 anos. Entre as principais atividades exercidas está o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (9%), cabeleireiros, manicure e pedicure (9%), obras de alvenaria (5%). No quesito setor de atividade econômica, o ramo de serviços é o que concentra a maior parte com 56%, seguido de comércio (36%) e indústria (8%).

 

Uso do cartão no Brasil

Foram realizadas 5,9 bilhões de operações com cartões de crédito e 6,8 bilhões com cartões de débito no país em 2016. Conforme dados do Banco Central, os consumidores pagaram R$ 674 bilhões no cartão de crédito e R$ 430 bilhões em transações com o cartão de débito.

Fonte: Banco Central